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São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

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sexo e saúde

Sexo oral sem camisinha oferece riscos

"Dá para pegar Aids ou qualquer outra DST fazendo sexo oral sem camisinha, mesmo sem ejacular e sem deixar sair aquele líquido transparente do pênis? Um garoto de 16 anos que gosta de garotos pode vir a gostar de garotas? Isso pode ser só uma fase? Qual é a melhor maneira de contar para amigos e parentes?"

JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA

O sexo oral sem proteção traz risco, sim, de transmissão de DSTs e de Aids, mesmo sem ejaculação ou líquido transparente. Mas como calcular esse risco? É algo muito difícil já que há variáveis em jogo (tipo de DST, carga de vírus ou bactéria, estado do sistema de defesa da pessoa, frequência da prática, troca de secreções, presença prévia de outras lesões etc.).
O que se sabe é que o risco é menor do que fazer sexo vaginal ou anal sem proteção, mas é maior do que se forem adotadas medidas de proteção em todas as práticas sexuais. Pesquisas mostram surtos de gonorréia e de sífilis em determinados grupos, na Europa e nos EUA, que têm relação direta com prática de sexo oral desprotegido. Que tal evitar esse risco? Camisinha com sabor e filme plástico são aliados.
Garotos de 16 anos podem ter dúvidas em relação à sua orientação sexual (gostar de homem ou de mulher)? Lógico que podem. Se existe uma fase da vida em que essas confusões são mais comuns, essa fase é a adolescência.
Curiosidade, busca de novos limites, timidez em chegar no sexo oposto e maior intimidade com pessoas do mesmo sexo podem fazer com que experiências eventuais aconteçam. Mas apenas essas experiências não definem alguém como homossexual. A permanência de um desejo por alguém do mesmo sexo também pode começar a acontecer na adolescência. Só o tempo, as emoções e as experiências vão definir para onde aponta mesmo o desejo.
Independentemente de gostar de meninos, de meninas ou dos dois, o importante é que essa seja uma posição verdadeira. Nada pior do que ficar vivendo uma situação irreal só para atender às expectativas dos outros.
E, afinal de contas, contar ou não para amigos e parentes? É legal ter alguma certeza para comunicar isso às pessoas. Dividir dúvidas e conflitos também é importante, mas a escolha do interlocutor tem de ser cuidadosa para evitar pessoas que tomem decisões por você ou que se julguem donas da verdade.
Contar é uma decisão que exige maturidade e calma. Tem de saber quando contar e para quem contar uma emoção tão íntima e importante. As pessoas precisarão de um tempo para lidar com essa novidade. É preciso ter paciência!


Jairo Bouer, 37, é médico. Se você tem dúvidas sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para jbouer@uol.com.br


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