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02 neurônio
Nosso balanço de fim de ano
JÔ HALLACK
NINA LEMOS
RAQ AFFONSO
COLUNISTAS DA FOLHA
"Se eu fosse você,
aproveitaria que
o ano está no fim e ficaria com um monte
de caras para melhorar o placar." Esse foi
o conselho dado por
um amigo desta coluna para uma de nós,
que, por motivos óbvios, não vai se identificar.
Estamos no momento de balanço do
ano, o que é péssimo.
Balança e quase cai. É
bem pior do que início de ano, quando
começamos a fazer promessas que
nunca cumprimos. Mas, como sempre,
achamos (ou fingimos que achamos)
que cumprimos tudo... Começo de ano
sempre tem aquela aura de esperança.
Final de ano não.
Neste momento,
começamos a contar
com quantos caras
ficamos no ano que
correu. Quantos namorados tivemos?
Algum valeu a pena?
E o drama? Será que
vamos passar de novo o ano novo sozinhas? Será que uma
de nós vai agarrar o
mesmo cara que
agarrou no Réveillon
do ano passado e tudo deu errado? Será
que outra de nós vai conseguir passar a
virada com o namorado em paz?
Pânico. Tentamos disfarçar a ansiedade e descontamos a agonia na compra de agendas para o próximo ano. Na
linha "esperança", realmente achamos
que vamos anotar nossos compromissos numa agenda.
O balanço continua. Lançamos um livro e um programa de TV. Isso é ótimo.
Por conta disso, trabalhamos, trabalhamos e trabalhamos. Será que foi demais? Pânico!
E o medo só aumenta quando nos
lembramos de outras coisas. Quantas
amnésias alcoólicas tivemos? Quantos
micos públicos? Quantas vezes brigamos com nossas mães? E quantas vezes
mentimos e fomos falsas e uós. Fora
quantos modelos errados usamos.
Quantas roupas inúteis compramos.
Pânico. E não dá para saber nem mesmo se o ano foi bom... Mas tudo melhora quando pensamos em quantas vezes
falamos a palavra Iggy Pop, no quanto
dançamos alegres vendo os 2Many DJs,
em quantas vezes tentamos dançar
funk inutilmente. E quantos shows de
rock vimos...
Vamos trabalhar tensas e confusas. E
riscamos nosso calendário como presidiários que contam os dias que faltam
para a liberdade.
A única saída: fazer uma boa macumba.
E que, no ano que se aproxima,
moshs não faltem em sua vida!
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