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cinema
Anoitecer dos mortos
A adaptação de
"Crepúsculo", como o livro,
é apaixonante porém fraca
FRINI GEORGAKOPOULOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Como não julgar o livro pela capa, quando a capa diz tudo?
Tentação: essa é a
palavra que resume
o enredo de "Crepúsculo" (editora Intrínseca), o best-seller
escrito pela americana Stephenie Meyer que chega aos cinemas brasileiros na sexta-feira.
A saga de quatro livros que
teve início com "Crepúsculo"
-cuja capa traz duas mãos pálidas que seguram uma maçã
vermelha- já vendeu mais de
25 milhões de exemplares e foi
traduzida em 42 idiomas. Mas o
longa dirigido por Catherine
Hardwicke ("Aos Treze") não
traz o mesmo encanto.
A história é simples: a jovem
de 17 anos Isabella Swan -ou
Bella, como prefere ser chamada-, filha de pais separados, vai
morar com o pai, xerife de
Forks, uma pequena e chuvosa
cidade no Estado de Washington. Bella faz amigos rápido em
sua nova escola, mas não se interessa realmente por nenhum
até conhecer a família Cullen.
Os cinco jovens de aparência
anormalmente perfeita prendem a atenção da jovem e não
demora muito para ela se apaixonar perdidamente por um
deles, Edward. Enigmático, lindo e aparentemente hostil à
presença de Bella, ele se torna
rapidamente o foco da obsessão da jovem.
A razão da hostilidade de Edward é a fragrância do sangue
de Bella, que, para ele, é como
uma forte e quase irresistível
droga, algo que não é exatamente bem explicado no filme.
E é estabelecido o tema: tentação. Edward precisa resistir à
vontade de matar quem ama, e
Bella precisa resistir seus impulsos, pois um beijo mais bem
dado em Edward pode custar-lhe o pescoço.
Narrado em primeira pessoa,
"Crepúsculo" é contado pelo
ponto de vista de Bella, o que
traz imediata identificação dos
leitores (principalmente do público feminino), que descobrem com ela não somente que
os Cullen são vampiros, mas
como essa mitologia foi recriada por Meyer (nada de caninos
pontudos e de só sair à noite!).
"Crepúsculo" é cativante,
mas deixa a desejar no texto de
seu roteiro. O livro conquista o
leitor por seu tom introspectivo, que se perde ao longo do filme, repetitivo e quase amador
em certos momentos.
Fãs de livros para sempre reclamarão de suas adaptações
para o cinema, mas "Crepúsculo" não desaponta. Por mais
que cenas e diálogos tenham sido adaptados e cortados, a essência escrita por Meyer está
nas duas horas de filme.
O baixo orçamento aparente
rendeu efeitos visuais toscos e
que ferem o filme, com alguns
ângulos de câmera, direção de
atores e o timing de várias cenas -principalmente na grande luta- sendo os grandes pontos fracos do longa.
Por mais que os atores contratados tenham grande potencial, a diretora conseguiu extrair poucos momentos bons.
Destaque positivo para a cena
na qual os irmãos Cullen jogam
beisebol e para o primeiro beijo
de Edward e Bella.
O filme em geral satisfaz fãs
radicais, mas deixa a desejar ao
restante do público. A responsabilidade de adaptar para o cinema um livro adorado por
uma legião de fãs é grande, e o
time por trás de "Crepúsculo"
até que fez um trabalho à altura
do livro: fraco, porém apaixonante. Mas o futuro dos vampiros não é tão sombrio: o enredo
de "Lua Nova", a seqüência de
"Crepúsculo", é mais ousado, o
que deverá aumentar o cuidado
dos produtores com a franquia.
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