São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

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Será que o jornalismo tem futuro?

Esta semana vou falar para calouros de jornalismo. Na boa, não sei muito o que dizer.
Já dei várias palestras do tipo e -apesar da diferença de idade e de experiência- sentia que eu e os estudantes vivíamos no mesmo planeta.
Provavelmente eles seguiriam uma trajetória mais ou menos parecida com a minha e com a de tantos da minha geração. Formar-se, começar a trabalhar em algum veículo pequeno, passar para algo maior e, com o tempo, alcançar cargos e salários mais altos. Ou, então, criar seu próprio negócio: editora de revistas, livros, produtora de vídeo etc.
Mas... e agora? O que a garotada pode almejar?
Ainda estou impressionado com a reportagem de capa da revista "Time" de duas semanas atrás. O texto, escrito pro Walter Isaacson, um dos principais executivos da história da revista, trata basicamente do fim dos veículos impressos.
Isaacson assume boa parte da culpa pela situação atual. Afirma que ele -junto com Louis Rossetto, o chefão da revista "Wired"- foi dos primeiros defensores de revistas e jornais migrarem para a internet, liberando todo o conteúdo. A ideia era ganhar dinheiro, nos sites, só com anúncios.
Mas os anúncios não vieram com tanta força. E agora é necessária outra fonte de receita: cobrar pelo conteúdo. Mas quem quer pagar? O próprio Isaacson diz que sua filha adolescente acha que cobrar por qualquer coisa na web é "do mal".
O melhor jornal do mundo, o "The New York Times", vive a seguinte situação. Seu site tem 20 milhões de visitantes únicos por dia. É, no mínimo, seis vezes mais leitores que a edição impressa jamais teve. Como o conteúdo está aberto na web, circulação e faturamento do jornal de papel despencaram. Só que o site não dá dinheiro.
Daqui a quatro anos, a mídia em que esses calouros querem trabalhar pode nem existir mais. Terão de criar seu próprio mundo.


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