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Será que o jornalismo tem futuro?
Esta semana vou falar para calouros de jornalismo. Na boa, não sei muito o que dizer.
Já dei várias palestras do tipo e -apesar da diferença de idade e de experiência- sentia que eu
e os estudantes vivíamos no mesmo planeta.
Provavelmente eles seguiriam uma trajetória
mais ou menos parecida com a minha e com a de
tantos da minha geração. Formar-se, começar a
trabalhar em algum veículo pequeno, passar para
algo maior e, com o tempo, alcançar cargos e salários mais altos. Ou, então,
criar seu próprio negócio:
editora de revistas, livros,
produtora de vídeo etc.
Mas... e agora? O que a
garotada pode almejar?
Ainda estou impressionado com a reportagem de
capa da revista "Time" de
duas semanas atrás. O texto, escrito pro Walter
Isaacson, um dos principais executivos da história
da revista, trata basicamente do fim dos veículos
impressos.
Isaacson assume boa
parte da culpa pela situação atual. Afirma que ele
-junto com Louis Rossetto, o chefão da revista "Wired"- foi dos primeiros defensores de revistas e jornais migrarem para a internet, liberando todo o conteúdo. A ideia era ganhar
dinheiro, nos sites, só com
anúncios.
Mas os anúncios não vieram com tanta força. E agora é necessária outra fonte
de receita: cobrar pelo conteúdo. Mas quem quer pagar? O próprio Isaacson diz
que sua filha adolescente
acha que cobrar por qualquer coisa na web é "do mal".
O melhor jornal do mundo, o "The New York Times", vive a seguinte situação. Seu site tem 20 milhões de visitantes
únicos por dia. É, no mínimo, seis vezes mais leitores que a
edição impressa jamais teve. Como o conteúdo está aberto
na web, circulação e faturamento do jornal de papel despencaram. Só que o site não dá dinheiro.
Daqui a quatro anos, a mídia em que esses calouros querem trabalhar pode nem existir mais. Terão de criar seu
próprio mundo.
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