São Paulo, segunda-feira, 16 de março de 2009

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SEXO & SAÚDE

Jairo Bouer - jbouer@uol.com.br

Mais ou menos sexo?

"Tenho 19 anos e sou virgem. Perder a virgindade, para mim, é especial e me sinto preparada, só que ainda não encontrei o cara certo. Saí com um garoto que vive insistindo para transar, mas ele é do tipo galinha e tenho medo de me arrepender. Transo porque estou preparada ou espero para encontrar o cara certo?"

"Sou gay e, apesar de novo, tenho vasta experiência sexual. Já fiz de tudo, com muitos, mas não consigo sentir prazer. Será que tenho defeito de fabricação? Sinto atração por homens há tempos, mas o sexo é uma porcaria! O que faço?"

DUAS dúvidas que, aparentemente, não trazem muita semelhança, mas que podem fazer a gente refletir um pouco mais sobre a forma com que fazemos nossas escolhas na vida sexual.
Uma garota de 19, virgem, já se sente pronta para fazer sexo, tem uma oportunidade, mas está em dúvida se segue em frente. A dúvida aqui funciona como uma espécie de "sinal vermelho" que faz a garota refletir mais. Talvez seja o tempo de que a garota precisa!
É impossível para qualquer um se colocar no lugar da garota e tomar uma decisão por ela. As escolhas são resultado de uma reflexão individual: de um lado, a vontade, o desejo, a pressão para mudar e, do outro, o medo, a desconfiança, a insegurança. É desse confronto que vai surgir um comportamento. Uma questão que não pode ser deixada de lado é: será que alguém tem que transar só por que já se sente preparado?
É ótimo que a pessoa esteja preparada e, assim, quando surgir uma oportunidade, se sinta confortável para seguir em frente.
Já nosso leitor parece que teve que testar todas as possibilidades porque descobriu que era gay! Mas por que ser gay obriga alguém a ter que fazer tudo? Só para mostrar que não há limites para sua autonomia? Será que não vão sempre existir limites, tanto para heterossexuais como para homossexuais? Não é a falta de prazer um limite? Algo do tipo: eu posso tudo, mas não sinto nada! Onde está a graça?
Na corrida atrás da tentativa de fazer tudo, talvez tenha ficado para trás o mais importante, o mais essencial: a emoção. Talvez tanto sexo a seco, sem paixão, sem envolvimento afetivo, não tenha a mesma graça. Se, para muita gente, "transar só por transar" é ótimo, para ele, hoje, o sexo é uma "porcaria".
Será que, no fundo, nossos dois leitores não estão atrás de uma "coisa" meio parecida? Algo que dê sentido a suas experiências? Que tal olhar mais para dentro?


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