São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2008

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esporte

Longboard renovado

Pranchões deixam de ser coisa de surfista coroa e fazem os pés e as cabeças de uma nova geração

Márcio Rodrigues/Divulgação
Gerações do surfe, Chloé, Roger Barros e o veterano Rico

JULIANA CALDERARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os pranchões estão de volta. Embora ainda não sejam tão populares entre os jovens quanto as pranchinhas, já deixaram de ser "coisa de velho". No Petrobrás Longboard Classic, a primeira etapa do Circuito Brasileiro de Longboard, realizada em Jacaraípe, no Espírito Santo, os jovens já eram maioria.
Dividido entre as categorias júnior (até 18 anos), adulto (de 19 a 35), master (de 35 a 50) e supermaster (mais de 50) e feminino, o que se via na água e na areia da praia de Solemar era uma mistura de gerações.
De um lado, os surfistas mais experientes apresentavam manobras mais clássicas e estilosas. Do outro, jovens acrescentaram manobras mais radicais, antes feitas apenas na pranchinha, ao surfe tradicional. Na hora da nota o que conta é saber dominar os dois estilos.
"Hoje não se ganha mais um campeonato apenas com as manobras clássicas", afirma Mauro Rabellé, um dos juízes da competição. "A evolução das pranchas possibilitou novos movimentos", explica.
Um exemplo dessa nova leva é Roger Barros, o atual campeão brasileiro. "No longboard as manobras são mais estilosas. É mais bonito de se ver", conta o carioca de 19 anos. Roger, que costumava surfar com o pai e o irmão, hoje encara treinos diários e viagens pelo mundo. O campeão já esteve na Costa Rica e acabou de voltar da Austrália, o paraíso dos surfistas.
Na categoria júnior, quem levou o primeiro lugar foi Gabriel Vitorino, 14, que desde os quatro sobe em uma prancha. Morador de Camburiú, Santa Catarina, ele explica que optou pela modalidade influenciado pelo pai, Marcos Vitorino, também adepto do longboard. "Eu ia com meu pai aos campeonatos desde pequeno e brincava com o pranchão na borda."
A maior parte dos surfistas jovens foram influenciados por seus pais . Chloé, 13, aprendeu a surfar com o pai, Miguel Calmon, que também estava
no campeonato, no Espírito Santo. Os dois freqüentam juntos a praia da Macumba, o point dos pranchões no Rio, desde que ela tinha quatro anos. "Acordamos às 6h para surfar e passamos o dia juntos", conta Miguel, que, além dos conselhos no surfe, não se descuida enquanto ela está fora da água. "Tá cheio de recadinhos de meninos no Orkut e a mãe dela fica louca!", revela o pai, enquanto Chloé fica corada.
Além de fazer a segurança, Miguel ainda carrega a prancha da filha. "É porque eu tenho 1,50 metro de altura e a prancha tem 3 metros!", justifica a pequena surfista. O clima de união é um dos pontos positivos do longboard citados pelos concorrentes. "O pessoal do long é mais unido", afirma Roger Barros.
Outro surfista inscrito no campeonato, Alex Salazar, concorda."Há menos rivalidade no long. Mesmo num campeonato está todo mundo aqui junto, numa boa. O cara que ganhou de mim está ficando na mesma casa que eu. Se fosse num campeonato de pranchinha, saía até briga", conta o santista.
Mas existe rivalidade entre os praticantes das duas modalidades. "Uma vez estava pegando onda no canto do Recreio, quando um cara tentou dar um aéreo e quase caiu em cima de mim. Ele ainda veio dizer que eu estava errada. Aí o pessoal do long se juntou para me defender", conta Chloé.
Entre as duas turmas estão Alex e seu pai, Picuruta Salazar. Para ambos, o que importa é cair na água, seja de pranchina ou de pranchão. Os dois competiam na mesma categoria, corriam o risco de se enfrentarem na mesma bateria. "Se isso acontecesse, acho que eu preferia que ele me passasse porque sei que ele daria mais trabalho para os outros caras lá na frente", diz o surfista de 20 anos.
Embora não tenha acontecido na praia de Solemar, o duelo já aconteceu em 2006. Na ocasião, o pai, que já foi campeão no pranchão nove vezes, levou a melhor. "Acho que ele deveria ter ganhado", afirma o filho.


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