JÔ HALLACK
NINA LEMOS
RAQ AFFONSO

O que as mulheres querem? Isso era um mistério até para Freud. Mas parece que os autores dos seriados moderninhos acabaram de descobrir. A gente quer mesmo é casar. Porque a gente estuda, trabalha e se ferra na vida para, no final, largar a existência selvagem para encarar uma vidinha tranqüila, com marido e filhos, em uma casa com bichos, plantas e aquela perfeição de anúncio de margarina. O próximo passo é você parar de trabalhar (está estudando tanto hoje para quê?).
Pegamos como exemplo "Friends" e "Sex and the City". Porque os seriados acabam, mas a gente continua imaginando o que aconteceria com eles depois que os créditos sobem e os atores vão ganhar uma grana participando de entrevistas e lançando livros. Monica e Miranda tiveram finais parecidos: foram morar em subúrbios com os maridos. Ou "se recuperaram", como diria uma tia católica. Ou "deram sorte", como diriam as nossas mães.
Tá, agora vamos imaginar que os seriados continuam. Monica iria engordar de novo, sua mania de limpeza iria aumentar, ela seria uma mãe extremamente chata e logo pararia de ser amiga da Rachel, porque não concordaria com a forma como ela cria a filha. Teria vergonha da Phoebe, é claro, porque ia pegar mal na vizinhança ter uma amiga tão "loucona". Ou será que até a Phoebe iria entrar no esquema? Chandler passaria a usar moleton e a fazer churrasco gorduroso no jardim. E logo os dois iam parar de fazer sexo.
E a pobre coitada da Miranda, de "Sex and the City": o que ela faria em um subúrbio de Nova York? Ia deixar de fazer graça com as amigas, de falar sobre sexo e de pagar micos ótimos? Será que ficaria ainda mais chata e crítica?
Estão as duas condenadas ao tédio, queridas. Porque final feliz, pensando bem, é muito chato. E é isso o que esperam que vá acontecer com você no dia em que você parar de ser adolescente e ficar adulta. O mundo conspira para que a sua vida seja triste e tediosa...
Mas, pensando bem, é melhor morar no subúrbio do que ter o fim da Samantha, que teve câncer de mama! Que roteiristas cruéis!