São Paulo, segunda-feira, 16 de novembro de 2009

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Ronaldo Lemos - ronaldolemos09@gmail.com

Brinquedinho bom

Se você trabalha com publicidade, é produtor musical ou simplesmente "hipster", há grandes chances de já ter ouvido falar da "toy art". É a tendência em que adultos colecionam brinquedos. Mas não é qualquer um não. São bonequinhos de "design", muitas vezes feitos em edição única ou limitada, com grande apelo para quem quer expressar sua individualidade.
A onda da "toy art" é legal, mas, em termos de brinquedinhos, já encontrei os meus favoritos. Há pouco tempo apareceu uma caixinha chamada Buddha Machine. Ela parece um radinho de pilha. Só que, em vez da programação de rádio, ela é recheada de delicados timbres eletrônicos baseados em cantos budistas.
Ao todo, dentro dela não há mais do que cinco minutos de sons. Só que, cada vez em que você aperta o botão, ela toca uma combinação diferente deles, em "loop".
O resultado é muito interessante. É como se fosse um "anti-iPod". Em vez de uma seleção gigantesca de músicas, é um pequeno universo de combinações limitadas.
O brinquedinho foi desenvolvido por uma banda chamada FM3, que nunca conseguiu vender mais do que 2.000 discos em toda sua carreira. Então tiveram a ideia de inventar a caixinha. E, em pouco mais de um ano, 50 mil unidades foram vendidas.
Para quem não gosta de cantos budistas, já há outras opções. Uma é a Black Box. Em vez de sons meditativos, um monte de distorções e barulho, com vozes bizarras, capazes de perturbar até os mais resistentes (e ela tem o formato de uma lápide... negra). E uma das minhas bandas favoritas, os ingleses do Throbbing Gristle, acaba de lançar sua caixinha, chamada Gristleism. Parece que a moda está pegando.
O que acho mais legal nessa história é como ela revaloriza o som como objeto, que pode inclusive ser colecionado. Chama também a atenção para os "loops", que são um elemento importante da cultura de hoje (da música eletrônica aos toques de celular), mas que muitas vezes passam despercebidos. Por fim, é um exemplo de como é possível inventar formas criativas de distribuir a sua música e ganhar dinheiro com isso.

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