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Catapulta põe rock na roda
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
Há tempos o rock deixou de ser
um estilo para ser apenas ingrediente de mixes musicais. O grupo
Catapulta desceu de Salvador para
São Paulo para mostrar sua receita. Dessa vez, é o rock mesclado ao
som das rodas de capoeira.
Ficou uma coisa devastadora.
Longe de ser mais uma dessas réplicas de Raimundos que proliferam por aí, o Catapulta consegue
soar nordestino e hardcore, e ainda passar muita credibilidade.
Falar com a banda reforça isso.
Marcus Kiêta (guitarras), Moisés
(voz, letras e uma baita presença
cênica) e Baé (baixo) têm visual de
trio skinhead do ABC paulista,
mas basta abrirem a boca para que
o sotaque e o deboche reafirmem a
baianidade do grupo.
Baé tem muita experiência em
tocar com trios elétricos. Muitas
vezes, seu baixo soa como um instrumento de percussão bem grave,
trabalhando junto com o bateirista
Ary Bidal e o percussionista Anjo.
"Eu conheço os dois há um tempão. Quando um toca, o outro já
rebate o som e assim vai, como
uma conversa", explica Baé.
"É, na Bahia você joga qualquer
coisa na mão que o cara sai tocando. Se não sabe batucar, não é
baiano", resume Moisés, o grande
contador de histórias na banda.
Vivido em rodas de capoeira,
trios elétricos, praias, cordel e bares de beira de estrada, Moisés passa suas experiências para as letras.
A pesadíssima "Puêra", uma
das músicas do primeiro CD da
banda, que sai esta semana pela
gravadora Roadrunner, traz os
cantos de desafio dos capoeiristas
emoldurados por puro hardcore.
Outra pérola do álbum é a regravação de "Retirantes", de Dorival
Caymmi e Jorge Amado. É a famosa canção que abre com os versos
"Vida de nêgo é difícil, é difícil...", célebre tema de novela que
quase virou funk metal com o Catapulta. Tem tudo para ser sucesso
radiofônico. Na semana passada, o
grupo gravou em São Paulo o videoclipe para "Retirantes".
Conhecido por trabalhar com
nove entre dez bandas do novo
rock nacional, o produtor Carlos
Eduardo Miranda foi chamado pela Roadrunner para guiar os baianos no estúdio. E o trio ganhou o
produtor na primeira audição.
"Véio, nunca tinha visto isso. A
coisa mais difícil é você encontrar
uma banda assim, pronta. Você
não precisa mudar nada, os caras
já estavam preparados", diz Miranda, que se divertiu fazendo rodas de percussão com a banda durante os intervalos de gravação.
Quem escutar o álbum de estréia
da banda também vai se divertir.
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