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>>Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br
O vilão do videogame
SE VOCÊ ACHA que conhece o significado
das expressões "marrento", "arrogante"
e, por que não dizer, "zé ruela", então você não conhece Billy Mitchell, o intragável vilão do documentário americano "The King of
Kong", sobre os bastidores de um campeonato
mundial de videogame.
Como assim, um vilão num documentário?
Vilão não é coisa de ficção? Normalmente é,
mas o roteiro de "The
King of Kong" é tão bem
construído que bota o espectador para torcer. De
um lado, o pilantra Billy
Mitchell, um jeca que se
acha. Do outro, o boa-praça Steve Wiebe, um jeca
que não se acha.
Mitchell foi o primeiro
recordista mundial do videogame para fliperamas
"Donkey Kong". Dono de
uma rede de restaurantes
e de uma fábrica de molho de pimenta (mas
comportando-se como se
fosse trilionário e ganhador de um Nobel), reinou
durante anos no universo
do "Donkey Kong".
Até que, um dia, Wiebe,
professor de ensino médio, alguém que nunca
deu muito certo na vida
(quase um bom atleta,
quase um bom aluno,
quase um bom músico),
ouve falar de Mitchell no
rádio e pensa: "Eu consigo bater esse recorde". E
bate, jogando em casa,
numa máquina que instalou na garagem.
A partir daí, inicia-se uma operação para desqualificar
seu resultado e manter Billy Mitchell como recordista. À
frente, o Twin Galaxies, registro oficial de recordes de videogames -e também uma espécie de fã-clube informal
de Mitchell. Ou seja, 100% interessado em derrubar o
pobre Wiebe. Disposto a mostrar que era legítimo, Wiebe vai três vezes à cidade de Mitchell, na Flórida, para um duelo cara a cara, num megafliperama.
Prepare-se para um final surpresa. Gente solitária,
derrotada, insegura, tendo como pano de fundo aquelas
paisagens americanas sem identidade, que poderiam ser
na Flórida, em Ohio, em Iowa, em Wyoming. "The King
of Kong" está à venda na amazon.com. Há maneiras
bem piores de você gastar seu dinheiro.
CD PLAYER
PLAY - "We Carry On",
Portishead
Sexta faixa do novo álbum, "Third". É o
Portishead mais aflitivo, urgente e
desesperado do que nunca.
PLAY - "Machine Gun",
Portishead
Oitava faixa, faz jus ao título,
metralhadora. Portishead dispara com
alvo certo: nossos corações.
PAUSE - "Third", Portishead
No álbum que vazou na web, ainda falta
aquela polida final no mix. Pelo menos
eu espero que falte.
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