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Escravidão trouxe 3,5 milhões de negros
especial para a Folha
O tráfico de escravos para o Brasil teve início no século 16. Entre
1550 e 1850, chegaram ao Brasil
cerca de 3,5 milhões de escravos
trazidos da África, especialmente
de Guiné, Costa do Marfim, Mali,
Congo, Angola e Moçambique.
Os africanos traziam sua cultura,
língua e costumes.
A mistura da cultura afro com a
dos povos europeus e indígenas
que já habitavam o Brasil foi responsável pela formação da identidade brasileira. Música, idioma,
culinária, festas populares, enfim,
todas as manifestações culturais
do Brasil provêm dessa mistura.
Ao completar 7 anos de idade, a
criança negra já era considerada
apta a realizar alguns serviços.
Aos 14, ela trabalhava tanto e da
mesma forma que um adulto.
Quando o negro não conseguia
trabalho nas minas ou nas lavouras, tentava arrumar algum serviço como carpinteiro, ferreiro, cozinheiro ou até mesmo músico.
O negro realizava esses bicos
com o intuito de acumular algum
dinheiro para, no futuro, comprar sua alforria.
A historiadora Julita Scarano,
da USP, cita até o caso de negros
que se tornaram enfermeiros.
E o que vestia um jovem negro?
Dependia de vários fatores: do tipo de serviço que exercia ou do
grau de importância que o seu senhor lhe atribuía, por exemplo. O
visual mudava também de acordo
com os trocados que o negro conseguia ganhar realizando bicos.
Os escravos que trabalhavam
nas lavouras ou nas minas se cobriam, basicamente, de trapos.
Alguns negros que trabalhavam
na cidade tentavam se enfeitar seguindo o padrão da época: usavam coletes, chapéus com plumas, camisas e culotes.
O ex-escravo costumava marcar a sua diferença por meio da
vestimenta. Alguns até usavam
sapatos, artigo verdadeiramente
de luxo para a época.
Na hora da comida, não havia
grande variedade na mesa do brasileiro.
Em Minas, por exemplo, ainda
segundo Julita Scarano, "o angu
de fubá cozido na água, o feijão
preto e, às vezes, carne ou toucinho não constituíam alimento somente do escravo, mas também
do preto e do mulato livre, e até
mesmo do branco pobre".
Os negros escravizados participavam das comemorações religiosas dos brancos, como missas,
novenas, dias de santos etc. Era
uma rara ocasião em que podiam
descansar de seu pesado trabalho
cotidiano.
O negro absorveu a cultura
branca, mas, em vez de se render
totalmente a ela, adaptou-a à sua
própria bagagem histórica, cultural e religiosa. Exemplo: os negros
passaram a cultuar santos da religião católica.
Cada santo correspondia a uma
diferente divindade africana.
Ogum, o deus guerreiro, correspondia a São Jorge; Iemanjá, rainha do mar, era Nossa Senhora.
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