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Filme é bem mais nojentão que o primeiro
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
O Capitão Jack Sparrow, de "Piratas do
Caribe", é um desses personagens
que têm alma e personalidades tão fortes que
transcendem a história de que
fazem parte, assim como o mafioso Michael Corleone, de Al
Pacino, em "O Poderoso Chefão", ou Forrest Gump, de Tom
Hanks, no filme de mesmo nome, e até Carrie Bradshaw, de
Sarah Jessica Parker, na série
"Sex and the City".
Quase sempre isso acontece
quando há uma combinação de
um texto bem escrito, com um
bom ator sendo bem dirigido.
No caso do pirata, isso acontece
graças ao modo como Johnny
Depp transformou um personagem que teria mais a ver com
um homem das cavernas beberrão em um dos caras mais
sexies, sacanas, extravagantes e
diferentões dos últimos anos.
A crítica aplaudiu, o público
invadiu os cinemas. Com o sucesso e o dinheiro em caixa, o
estúdio abriu o bolso com vontade. Para a filmagem desta seqüência, o desfile de vilões e novos personagens, quase todos
piratas fantasmas que venderam a alma ao Capitão Davy Jones (Bill Nighy) e estão condenados a viver como escravos até
o fim dos tempos, parece um
banquete de frutos do mar que
demorou alguns anos para ser
servido. Está tudo lá, polvos, caranguejos, camarões, lagostas,
mas tudo estragado, fedendo e
grudado em o que um dia foi
um ser humano.
Como foi o capitão Jack
Sparrow o principal motivo do
grande sucesso do primeiro filme, desta vez as cenas foram
escritas exatamente para que
Depp mostrasse até onde pode
levar a irreverência de sua criação. Em um dos melhores momentos, Elizabeth Swann (Keira Knightley) tenta convencê-lo a salvar Will Turner (Orlando Bloom), que ficou no navio
fantasma, com o argumento de
que, se ele olhar bem lá no fundo de sua alma, vai ver que é um
homem bom. Sparrow responde, sem hesitar: "Todas as evidências apontam para o contrário", como se ser rotulado
como um "homem bom" fosse a
última de suas preocupações.
Mas o filme tem menos de
Jack Sparrow do que o primeiro e mais, muitos mais personagens, além de uma dupla que
aparecia bem pouco no primeiro filme: o pirata que tem um
olho de vidro e seu amigo, que
aqui ocupam uns bons 20 minutos, entre uma gag e outra,
todas dispensáveis.
E, depois de duas horas e
meia, a trama principal, assim
como a paralela, termina sem
conclusão. Isso dá um pouco de
raiva, fica óbvio demais que você está em uma armadilha, da
qual só vai conseguir sair se assistir ao terceiro filme da série
(que por sinal está programado
para estrear no mundo inteiro
em maio de 2007).
No final da história, o espectador sai do cinema, sim, querendo ver outro "Piratas do Caribe". Mas talvez rever o primeiro, mais bem acabado e menos pretensioso que esta seqüência, e não o terceiro, que
deve concluir todas as histórias
tão obviamente cortadas ao
meio.
(TETÉ RIBEIRO)
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