|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
02 Neurônio
Jô Hallack, Nina Lemos, Raq Affonso
02neuronio@uol.com.br
As mulheres e suas lembranças
MULHERES ADORAM guardar coisas. O
primeiro bilhete. A primeira foto. A
recordação do primeiro fora. Mas
uma senhorinha em São Paulo exagerou. Na
semana passada, uma denúncia botou a par o
que os vizinhos falavam há tempos: a casa dela
estava com um cheiro horrível! Quando entraram lá, encontraram muito, muito lixo. Tanto
lixo, que ela nem cabia na casa. Tinha que dormir num Fiat 147 do filho!
A tal senhorinha, que mora no Itaim Bibi, um bairro
de classe média alta de São Paulo, sai na calada da noite
pra dar uma geral no lixão. As coisas interessantes, ela
catava e botava dentro da casa. Restos de comida, obras
de arte, sofás vermelhos....tudo valia para a mulher.
Ela ficou possuída quando soube que iam jogar suas
lembranças fora! Afinal, eram seus objetos pessoais!
Suas coisinhas! Daí ficamos pensando. Se a Vigilância
Sanitária das Lembranças batesse lá em casa, o que jogaríamos fora? E o que ficaria para o Baú dos Herdeiros?
* Cartas dos ex... Vigilância!
* Bilhetes dos pretês da noite... Baú!
* Lingerie velha... Vigilância!
* Diários... Vigilância!
* Contas vencidas... Vigilância!
* Fotos velhas da gente pagando mico... Vigilância!
* Dinheiro... Baú!
* Esperança na humanidade... Baú!
* Cartas bizarras que nós mesmas escrevemos e nunca
enviamos... Baú!
Na verdade, preferimos ficar com tudo mesmo. Está
certo que, quando remexemos
nosso bauzinho,
podemos acabar
sofrendo de melancolia e nostalgia ao nos depararmos com uma
carta escrita
"juntos para
sempre". Mas
calma aí! Nosso
passado é nosso e
ninguém tasca.
Hum... a lingerie
velha pode ir para o lixo.
Momento de histeria
O baú da felicidade não existe
Texto Anterior: + docs denúncia Próximo Texto: Rock Índice
|