São Paulo, segunda-feira, 17 de setembro de 2007

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Vida de atleta

Jovens esportistas abrem mão do lazer e encaram uma vida regrada para conciliar escola e treinos puxados

LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Esqueça as festinhas, as tardes de ócio em frente ao computador e os passeios despreocupados nos finais de semana. Na rotina dos jovens atletas não há espaço para diversões desse tipo.
De olho em medalhas olímpicas e em campeonatos internacionais, eles encaram rotinas exaustivas de treino, que duram de três a seis horas diárias, até seis vezes por semana. Tudo isso sem descuidar da escola.
"Ainda não sei se vai dar certo a carreira no tênis, então quero estar preparada para o mercado de trabalho", diz a tenista Thamyres Atel, 15. Aluna do primeiro ano do ensino médio, ela treina cinco horas por dia, quatro dias por semana. À noite, ainda se dedica às lições de casa. Boa aluna, nunca pegou recuperação.
Apesar da pouca idade, Thamyres participa de torneios pelo menos duas vezes por mês. "O difícil é controlar o nervosismo em época de competição", confessa.
Noites sem sono, frio na barriga e até uma certa irritabilidade são "efeitos colaterais" comuns na carreira de um jovem atleta. Para o nadador Rafael Murad, 16, o nervosismo bate quando ele é classificado para uma final de campeonato. "Fico até uma semana sem dormir", diz o garoto, campeão paulista e recordista neste ano.
Aluno do segundo ano do ensino médio, ele vai decidir o seu futuro profissional em 2008, quando terminar os estudos. "Se eu estiver numa fase boa na natação, vou dar prioridade para o esporte e deixar a faculdade para depois", diz Rafael, que quer fazer medicina.

Estudar fora
O fim do ensino médio pode ser um dilema para os atletas adolescentes. Se por um lado o caminho natural seria começar uma faculdade, por outro é nessa fase que eles podem apresentar os melhores rendimentos no esporte.
Para muitos, a solução é tentar fazer faculdade nos EUA, onde as instituições dão bolsas de estudo para atletas e incentivam a prática de esportes.
É o que pretende fazer a ginasta Marília Carrera, 16. Ela quer fazer faculdade de jornalismo, sem deixar de se dedicar à ginástica. "O esporte acaba uma hora, então eu preciso pensar no futuro", diz a garota, que já foi vice-campeã paulista.
André Pellegrino, 15, quer ser tenista profissional, mas pensa na bolsa: "Tenho até os 18 anos para decidir. Se não der certo, quero fazer faculdade nos EUA e ser tenista nas horas vagas."
Já Jéssica Melo, 16, tem apenas um objetivo: entrar para a seleção brasileira de ginástica artística e disputar uma Olimpíada. Ela treina de segunda a sábado, das 14h às 19h.
Jéssica pratica ginástica desde os cinco anos e reconhece que a vida de atleta é cheia de privações. "Não dá para sair à noite, não pode comer coisas gostosas como doces e salgadinhos", desabafa.
Com muitos compromissos e pouco tempo para o lazer, a saída é cultivar amizades dentro do mundo do esporte. "Hoje, meus melhores amigos são da natação. Eles têm os mesmos interesses que eu e entendem a minha rotina", diz a nadadora Carolina Penteado, 16.
Renan Buiatti, 16, vive o esporte em tempo integral. Nascido em Uberaba, (MG), ele se mudou para São Paulo em 2004, para jogar vôlei. Aqui, ele vive num apartamento com jogadores adolescentes de outros Estados. "Tenho saudade, mas aprendi a me virar sozinho."


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