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Vida de atleta
Jovens esportistas
abrem mão do lazer
e encaram uma vida
regrada para
conciliar escola
e treinos puxados
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Esqueça as festinhas,
as tardes de ócio em
frente ao computador e os passeios
despreocupados nos
finais de semana. Na rotina dos
jovens atletas não há espaço
para diversões desse tipo.
De olho em medalhas olímpicas e em campeonatos internacionais, eles encaram rotinas
exaustivas de treino, que duram de três a seis horas diárias,
até seis vezes por semana. Tudo
isso sem descuidar da escola.
"Ainda não sei se vai dar certo a carreira no tênis, então
quero estar preparada para o
mercado de trabalho", diz a tenista Thamyres Atel, 15. Aluna
do primeiro ano do ensino médio, ela treina cinco horas por
dia, quatro dias por semana. À
noite, ainda se dedica às lições
de casa. Boa aluna, nunca pegou recuperação.
Apesar da pouca idade,
Thamyres participa de torneios pelo menos duas vezes
por mês. "O difícil é controlar o
nervosismo em época de competição", confessa.
Noites sem sono, frio na barriga e até uma certa irritabilidade são "efeitos colaterais" comuns na carreira de um jovem
atleta. Para o nadador Rafael
Murad, 16, o nervosismo bate
quando ele é classificado para
uma final de campeonato. "Fico até uma semana sem dormir", diz o garoto, campeão
paulista e recordista neste ano.
Aluno do segundo ano do ensino médio, ele vai decidir o seu
futuro profissional em 2008,
quando terminar os estudos.
"Se eu estiver numa fase boa na
natação, vou dar prioridade para o esporte e deixar a faculdade para depois", diz Rafael, que
quer fazer medicina.
Estudar fora
O fim do ensino médio pode
ser um dilema para os atletas
adolescentes. Se por um lado o
caminho natural seria começar
uma faculdade, por outro é nessa fase que eles podem apresentar os melhores rendimentos no esporte.
Para muitos, a solução é tentar fazer faculdade nos EUA,
onde as instituições dão bolsas
de estudo para atletas e incentivam a prática de esportes.
É o que pretende fazer a ginasta Marília Carrera, 16. Ela
quer fazer faculdade de jornalismo, sem deixar de se dedicar
à ginástica. "O esporte acaba
uma hora, então eu preciso
pensar no futuro", diz a garota,
que já foi vice-campeã paulista.
André Pellegrino, 15, quer ser
tenista profissional, mas pensa
na bolsa: "Tenho até os 18 anos
para decidir. Se não der certo,
quero fazer faculdade nos EUA
e ser tenista nas horas vagas."
Já Jéssica Melo, 16, tem apenas um objetivo: entrar para a
seleção brasileira de ginástica
artística e disputar uma Olimpíada. Ela treina de segunda a
sábado, das 14h às 19h.
Jéssica pratica ginástica desde os cinco anos e reconhece
que a vida de atleta é cheia de
privações. "Não dá para sair à
noite, não pode comer coisas
gostosas como doces e salgadinhos", desabafa.
Com muitos compromissos e
pouco tempo para o lazer, a saída é cultivar amizades dentro
do mundo do esporte. "Hoje,
meus melhores amigos são da
natação. Eles têm os mesmos
interesses que eu e entendem a
minha rotina", diz a nadadora
Carolina Penteado, 16.
Renan Buiatti, 16, vive o esporte em tempo integral. Nascido em Uberaba, (MG), ele se
mudou para São Paulo em
2004, para jogar vôlei. Aqui, ele
vive num apartamento com jogadores adolescentes de outros
Estados. "Tenho saudade, mas
aprendi a me virar sozinho."
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