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música
Diversões eletrônicas
Produtor americano que "costura' trechos de músicas dos outros faz
show aqui em outubro
LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL
Greg Gillis, 25, do
projeto Girl Talk,
faz questão de deixar claro que não é
DJ, apesar de colocar as pessoas para dançar tocando músicas de outros artistas. Com um laptop, um software de edição de áudio (chamado AudioMulch) e muita
criatividade, ele copia e cola
centenas de trechos roubados
de grandes sucessos de rock,
pop, rap e r&b em um curioso
trabalho de edição sonora.
Usando faixas populares de
artistas tão antagônicos quanto
Beyoncé e AC/DC ou Ciara e
Pixies, ele sobrepõe e organiza
curtas amostras (samples) de
grandes sucessos, como batidas, riffs de guitarra e frases vocais, para criar uma sonoridade
que defende ser inovadora.
"Trabalho com apropriação
de trechos de músicas dos outros e com a colagem deles. Diferentemente do DJ, nunca
deixo uma música inteira rolar,
uso só um pequeno pedaço. Sou
um produtor de laptop."
Apesar de ser também a principal diversão eletrônica do
Tim Festival, no final do mês
que vem, no Rio e em São Paulo, o show do Girl Talk corre o
risco de ser incompreendido,
afinal, ele não faz nada ao vivo.
"Carrego no meu laptop uma
grande compilação de samples
com os quais eu ensaio e, antes
do show, eu os organizo. Seria
como se eu estivesse compondo músicas e logo depois mostrando como ficaram", afirma.
Geralmente, quando um artista usa samples de outros, paga direitos autorais. Mas, no caso do Girl Talk, isso seria comercialmente impossível. Em
seu terceiro CD, "Night Ripper", lançado em 2006, Greg
usou mais de 300 samples nos
seus 40 minutos de duração. Se
fosse pedir permissão para usá-los, afirma, teria de cobrar o valor de US$ 100 por CD, somente para pagar direitos autorais.
"Há uma brecha na lei americana que permite o uso de samples sem permissão, caso o trabalho seja inovador e não ofenda o autor original", explica.
Mas, infelizmente para Greg,
não é ele quem decide isso. "Esse argumento é a minha defesa,
caso eu seja levado aos tribunais. E eu não posso chegar ao
tribunal da minha cidade e
mostrar a música que fiz para
saber se a lei serve para mim.
Então tenho de esperar ser processado", explica o produtor.
Por enquanto, ele não recebeu nenhuma intimação nem
acha que receberá, pois tem
certeza de que não causou nenhum impacto negativo na carreira de ninguém. "Pelo contrário, eu promovo esses artistas,
pois nos shows há muitos jovens que nunca os ouviram."
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