São Paulo, segunda-feira, 17 de setembro de 2007

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música

Diversões eletrônicas

Produtor americano que "costura' trechos de músicas dos outros faz show aqui em outubro

LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

Greg Gillis, 25, do projeto Girl Talk, faz questão de deixar claro que não é DJ, apesar de colocar as pessoas para dançar tocando músicas de outros artistas. Com um laptop, um software de edição de áudio (chamado AudioMulch) e muita criatividade, ele copia e cola centenas de trechos roubados de grandes sucessos de rock, pop, rap e r&b em um curioso trabalho de edição sonora.
Usando faixas populares de artistas tão antagônicos quanto Beyoncé e AC/DC ou Ciara e Pixies, ele sobrepõe e organiza curtas amostras (samples) de grandes sucessos, como batidas, riffs de guitarra e frases vocais, para criar uma sonoridade que defende ser inovadora.
"Trabalho com apropriação de trechos de músicas dos outros e com a colagem deles. Diferentemente do DJ, nunca deixo uma música inteira rolar, uso só um pequeno pedaço. Sou um produtor de laptop."
Apesar de ser também a principal diversão eletrônica do Tim Festival, no final do mês que vem, no Rio e em São Paulo, o show do Girl Talk corre o risco de ser incompreendido, afinal, ele não faz nada ao vivo.
"Carrego no meu laptop uma grande compilação de samples com os quais eu ensaio e, antes do show, eu os organizo. Seria como se eu estivesse compondo músicas e logo depois mostrando como ficaram", afirma.
Geralmente, quando um artista usa samples de outros, paga direitos autorais. Mas, no caso do Girl Talk, isso seria comercialmente impossível. Em seu terceiro CD, "Night Ripper", lançado em 2006, Greg usou mais de 300 samples nos seus 40 minutos de duração. Se fosse pedir permissão para usá-los, afirma, teria de cobrar o valor de US$ 100 por CD, somente para pagar direitos autorais.
"Há uma brecha na lei americana que permite o uso de samples sem permissão, caso o trabalho seja inovador e não ofenda o autor original", explica.
Mas, infelizmente para Greg, não é ele quem decide isso. "Esse argumento é a minha defesa, caso eu seja levado aos tribunais. E eu não posso chegar ao tribunal da minha cidade e mostrar a música que fiz para saber se a lei serve para mim. Então tenho de esperar ser processado", explica o produtor.
Por enquanto, ele não recebeu nenhuma intimação nem acha que receberá, pois tem certeza de que não causou nenhum impacto negativo na carreira de ninguém. "Pelo contrário, eu promovo esses artistas, pois nos shows há muitos jovens que nunca os ouviram."


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