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Balão
Os mais de Ziraldo
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Criador da primeira revista de quadrinhos de autor do Brasil e patrono da 1ª
Feira do Livro Infantil, Juvenil & de Quadrinhos de São Paulo, Ziraldo Alves Pinto, 70, come, bebe e respira superlativos.
Mas, quando fica sabendo que a dita
feira vai colocar 7.500 títulos de HQs à
venda no parque Ibirapuera, o mineiro
de Caratinga não esconde o espanto: "Se
fosse na França, não me surpreenderia".
Caminhos engraçados tem tomado o
quadrinho nacional. Autor de "A Turma
do Pererê", a tal primeira HQ 100% brasileira, produto da euforia nacionalista
dos anos 60, Ziraldo tinha tudo para estar produzindo HQs até hoje: talento, experiência, fama... Mas parou.
Mauricio de Sousa, outro patrono da
feira, que o diga. Antes mesmo de Mônica nascer, o quadrinista entrou com as tirinhas do Bidú na editora de Ziraldo e
acabou saindo com uma encomenda de
pererês para desenhar em casa.
Era a época do movimento pela nacionalização dos quadrinhos, pediam-se
quotas de até 50% de material de artistas
brasileiros nas páginas dos jornais daqui.
"Precisávamos fazer nossas HQs antes
que proibissem até a "Luluzinha'", lembra. A lei nunca se concretizou, veio o regime militar, e a ingenuidade de "Pererê"
deu lugar à acidez de "O Pasquim", este,
sim, vivo até hoje, produto da "insistência" de Ziraldo e responsável por mais
um superlativo em sua coleção: o único
jornal do mundo que só publica cartuns.
balao@folha.com.br
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