São Paulo, segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

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música

Tim

As melhores biografias musicais nacionais e internacionais pra você ler junto com seu iPod

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo que Tim Maia (1942-1998) não seja de seu tempo, você provavelmente já deve ter ouvido falar de um personagem folclórico que era chamado de "Síndico", loucão, porra-louca que vivia dando canos em seus próprios shows, e bem decadente, autor de álbuns fracos perto do fim da vida. Mas isso era apenas a superfície, como conta a biografia "Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia", do produtor Nelson Motta, amigo do cantor.
Pela leitura, pode-se entender que Tim seria apenas mais um mala sem alça arrogante e falastrão se não fosse o talento excepcional para a música. Antes de introduzir definitivamente o soul e o funk na música popular brasileira, nos anos 60 e 70, Tim ainda teve uma bandinha quando adolescente, os Sputniks, com Roberto Carlos, que foi expulso aos berros.
Parece ser moleza fazer um livro com um personagem tão cheio de histórias como Tim. Afinal, o que não faltam são episódios hilariantes, que Motta vai elencando um atrás do outro. Poderia até fazer um livro só com frases de Tim: "Fiz uma dieta rigorosa, cortei álcool, gorduras e açúcar. Em duas semanas, perdi 14 dias"; "O segredo do meu sucesso é o equilíbrio: metade das minhas músicas é esquenta-sovaco e metade é mela-cueca".
Mas, mais do que enumerar as conquistas artísticas de Tim, Motta celebra um estilo de vida que hoje anda tão em baixa, em tempos de atitudes politicamente corretas. É claro, muito do que Tim representa, e principalmente sua relação com as drogas e a bandidagem, não deve servir de modelo.
No entanto o autor deixa claro que Tim foi um rebelde, um inconformado com o "sistema", que fazia as coisas de seu jeito -e pagou por isso. Não é exagero dizer que se trata do artista mais punk do Brasil, mesmo que não curtisse o estilo.
Chama a atenção, por exemplo, questões ainda atuais, como sua briga com as grandes gravadoras, que o levou a criar uma editora, e sua tentativa de lançar discos independentes. Ao fim da leitura, vale outro consenso: de louco, Tim Maia não tinha nada.


VALE TUDO - O SOM E A FÚRIA
Nelson Motta
Editora Objetiva
R$ 49,90 (392 págs.)


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