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Alváro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br
Os melhores e os piores de 2007
MELHOR DISCO de
2007:------ .
Melhores discos
de 1997 lançados em 2007:
"In Rainbows", Radiohead;
"White Chalk", PJ Harvey. O
Radiohead continua cerzindo com delicadeza suas texturas sonoras. PJ, agora ao
piano, ainda canta as angústias femininas com sua voz
(no sentido literário) única.
Mas nenhum deles é um álbum que capture o espírito
do tempo, nenhum deles só
poderia ser de 2007. São excelentes mesmo assim.
Melhor disco de 2007
que eu só vou entender em
2008: "Untrue", Burial.
Moleque inglês que não se
apresenta ao vivo resolve a
equação dubstep + Tricky +
Moby + batidas assimétricas
+ emoção. Para ser compreendido ao poucos.
Melhor música de 2007:
"Archangel", Burial. "Good
at being alone", repete obsessivamente a letra. Patchwork digital que tangencia,
sem nunca tocar realmente,
o formato de canção.
Discos que começaram o
ano entre os melhores,
mas, a cada audição, ficam
mais derrubados: "Neon
Bible", Arcade Fire; "Myths
of the Near Future", Klaxons. O primeiro parece estar derrapando na auto-importância. E o segundo é só
truque (tão caprichado que,
no começo, também me enganou).
Melhor disco de 2007
que só vou entender em
3007: "Fragments from a
Space Cadet", Kenneth Bager. Colagens psicodélicas e
orquestrações, engendradas
por um produtor dinamarquês que -por alguma razão
maluca- faz muito sucesso
no circuito indie australiano.
Vá direto à faixa -ou "fragmento", como prefere Bager- sete, "Les Fleurs". Trata-se de um cover da diva
soul Minnie Riperton, entremeado com falas sobre as liberdades químicas e sexuais
dos anos 60. Para completar
a confusão, esse discurso
sessentista está na voz de de
Julee "Twin Peaks" Cruise.
Sensacional.
Disco que num ano melhor passaria batido, mas
em 2007 merece destaque: "An End Has a Start",
Editors. A fonte é o Joy Division, e pelo menos a atitude
é menos pretensiosa do que
a das bandas desse estilo
normalmente hypadas pela
imprensa inglesa, tipo Interpol.
Melhor livro sobre música de 2007: "Redemption
Song - The Ballad of Joe
Strummer", Chirs Salewicz.
A biografia definitiva de Joe
Strummer, a voz da mais importante banda punk, o
Clash. No livro, zero de mitificação ou eudeusamento. O
Joe Strummer dessa biografia é humano e intenso, um
poço elétrico de insegurança.
Disco que eu deveria ter
incluído entre os melhores de 2007: "Baby 81",
Black Rebel Motorcycle
Club. Já me arrependo de
não ter prestado mais atenção a este álbum em que os
meninos parecem ter encontrado o equilíbro entre o
rock barulhento e o blues
viajante.
Melhor filme brasileiro
dos últimos 25 anos: "Tropa de Elite", de José Padilha.
Há exatos 25 anos prometi
nunca mais assistir a um filme brasileiro (foi depois de
ver uma fita chamada "Janete" -se você também tivesse
assistido, entenderia minha
decisão). "Tropa de Elite"
quebrou a escrita. Será que
comi mosca esse tempo todo?
Melhor filme de 2007:
"O Hospedeiro", de Joon-ho
Bong. Um molusco mutante
devora seres humanos em
uma metrópole coreana. Difícil imaginar que de uma
premissa dessas possa emergir um filme tão humano e
profundo. Em 2006, quando
foi lançado na Europa, entrou na lista de dez melhores
da revista francesa "Cahiers
du Cinema".
Pior notícia de 2007: a
volta do Led Zeppelin. Auto-indulgência, desconexão
com a realidade, ênfase no
virtuosismo instrumental...
Tudo aquilo que o punk veio
para destruir tinha no Led
Zeppelin sua expressão máxima. Trinta anos depois, esse pesadelo esganiçado está
de volta, com direito a respeito da crítica e a jovens artistas pagando pau. É a história do rock se repetindo
como farsa.
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