Indicado ao Oscar de melhor filme, a comédia "Juno" conta sem drama a história da gravidez de uma garota de 16 anos

LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

Juno decide fazer um aborto. Grávida de dois meses, ela encontra na porta da clínica uma colega de escola que, sozinha, protesta contra os serviços prestados no local.
Diz a Juno que, aos dois meses, um feto já tem unhas. Pronto, foi o suficiente. Na sala de espera, Juno só consegue reparar nas mãos -e nas unhas- das pessoas. Decide ter o bebê. E o que poderia ser o drama de uma garota de 16 anos grávida vira esta agradável comédia, "Juno", que estréia nesta sexta.
Indicada aos Oscar de melhor filme, diretor (Jason Reitman, do sarcástico "Obrigado por Fumar"), atriz (Ellen Page, a Kitty Pryde de "X-Men: Confronto Final") e roteiro original (de Diablo Cody; leia ao lado), a produção não deve deixar a premiação de mãos vazias.
Tudo acontece muito naturalmente. Juno tem que contar ao pai e à madrasta gente fina, mas já decidiu o que fazer: escolher um casal que deseje ter um filho e não possa. E, sem nenhum drama, ela tem o total apoio da família. Entregar mais seria sacanagem, mas o filme derruba qualquer tabu tanto da gravidez quanto do sexo na adolescência. Tudo é encarado com saudável naturalidade.
Nesse clima leve, acompanhamos nove meses de Juno, uma garota esperta, irônica e roqueira, que toca guitarra e curte uns sons clássicos.
Ellen Page é bem dirigida e consegue dar realismo à Juno; você realmente acredita que ela possa existir fora do cinema. E isso é assim com o resto do elenco, sem personagens exagerados ou situações forçadas.
E ainda há um clima de rock que invade todo o filme, num estilo parecido com os filmes de Sophia Coppola ("Encontros e Desencontros"), que faz da trilha sonora um elemento tão importante no filme quanto o elenco principal.
Comédia independente indicada ao Oscar pode cheirar ao bobo "Pequena Miss Sunshine". Nem pensar. Transformar drama em comédia é algo bem mais sofisticado. Compare.


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