São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 2005

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BALÃO

Satrápolis

DIEGO ASSIS

Marjane Satrapi tinha tudo para NÃO ser quadrinista. Nasceu no Irã em 1969; cresceu em meio à ascensão do rigor religioso em seu país, que vetava qualquer tipo de influência cultural estrangeira - "comics"? você está de brincadeira?!-; e, se não bastasse, ainda por cima, era mulher. Não há um pingo de preconceito nessa frase, mas a simples constatação de que, sim, o mundo dos quadrinhos foi e continua sendo extremamente machista. Só que, adolescente, Marjane foi parar na França -assunto já discutido aqui-, talvez o único lugar do mundo onde os quadrinhos são considerados tudo de bom. Por homens e mulheres.
O resultado é "Persépolis", mistura de diário de infância da autora com reflexões precoces sobre política e religião, o islamismo, no caso. Dividido em quatro volumes (o segundo acaba de sair aqui pela Companhia das Letras), muitas vezes soa leve e divertido, com uma série de informações curiosas sobre uma cultura diferente. Em outras, no entanto, o preto parece tomar conta da página e a leitura pode ser bem mais dolorida do que "uma simples história em quadrinhos" poderia proporcionar. Bem-vindo a Satrápolis.

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