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BALÃO
Satrápolis
DIEGO ASSIS
Marjane Satrapi
tinha tudo para NÃO ser
quadrinista.
Nasceu no Irã
em 1969; cresceu em meio à ascensão do rigor religioso em
seu país, que vetava qualquer
tipo de influência cultural estrangeira - "comics"? você está de brincadeira?!-; e, se não
bastasse, ainda por cima, era
mulher. Não há um pingo de
preconceito nessa frase, mas a
simples constatação de que,
sim, o mundo dos quadrinhos
foi e continua sendo extremamente machista. Só que, adolescente, Marjane foi parar na
França -assunto já discutido
aqui-, talvez o único lugar do
mundo onde os quadrinhos
são considerados tudo de bom.
Por homens e mulheres.
O resultado é "Persépolis", mistura de diário de infância da autora com reflexões precoces sobre política e religião, o islamismo, no caso. Dividido em quatro volumes (o segundo acaba de sair aqui pela Companhia das Letras), muitas
vezes soa leve e divertido, com uma série de informações curiosas sobre uma
cultura diferente. Em outras, no entanto, o preto parece tomar conta da página
e a leitura pode ser bem mais dolorida do que "uma simples história em quadrinhos" poderia proporcionar. Bem-vindo a Satrápolis.
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