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ciência
Boletim=passaporte
Brasileiros levam invenções a feira científica nos EUA, com 51 países na disputa
DIOGO BERCITO
ENVIADO ESPECIAL A RENO (EUA)
Que 1 + 1 vai ser sempre igual a 2 você já
sabe, mas talvez
ainda não tenham
lhe contado que somar estudos com
trabalho duro pode resultar em
um monte de coisas boas, como
uma viagem grátis para os EUA.
Caso a conta lhe pareça estranha, fique atento: 1.563 estudantes do mundo inteiro (entre
eles, 28 brasileiros), com idades
entre 14 e 21 anos, participaram, na semana passada, da
maior feira escolar de ciências
do mundo, a Intel Isef -feira
internacional de ciência e engenharia, na sigla em inglês.
O evento rolou em um centro
de exposições de Reno, uma cidadezinha no meio do deserto.
Os estudantes, que mostraram seus projetos para jurados
e curiosos, concorriam a quase
US$ 4 milhões (cerca de R$ 9,2
milhões) em dinheiro e em bolsas de estudo.
Um dos trabalhos apresentados foi o de Felipe Vitoriano, 15,
de São João del Rei (MG). Ele
desenvolveu um dispositivo
eletrônico que regula a irrigação de plantas a partir da medição da umidade do solo. Assim,
evita o desperdício de água.
"Eu tinha algumas plantas
carnívoras e me esquecia de regá-las. Pensei em criar um aparelho que fizesse a irrigação automaticamente."
Só depois viu a utilidade ambiental da invenção: economizar água em larga escala.
Hoje, pensa em patentear o
invento, que desenvolveu a
partir do que aprendeu em um
curso de montagem e manutenção de computadores.
Outro que partiu da natureza
para desenvolver seu projeto
foi o paulistano Ivan Ferreira,
18. Criador de aracnídeos, encontrou substâncias antibióticas nos ovos de aranhas armadeiras, espécie típica do Brasil.
A descoberta tomou bastante
tempo do garoto: passou quase
um ano indo até três vezes por
semana ao Instituto Butantan,
em São Paulo. A pesquisa,
orientada pelo cientista Pedro
da Silva Jr., acabou lhe rendendo o segundo lugar em sua categoria.
Enquanto explica suas descobertas, Ivan usa termos como "cromatografia líquida de
alta resolução em fase reversa"
com naturalidade.
Por mais que domine a linguagem técnica, ele ainda está
estudando para cursar biologia.
Já Lucas Hansen, 20, e William Lopes, 19, levaram para a
prática as lições do ensino técnico em química, que cursam
no Rio Grande do Sul.
Eles identificaram um problema regional -a contaminação do ambiente pelos corantes
usados no tingimento do couro- e buscaram solucioná-lo.
A saída que acharam foi incentivar o uso de fungos Aspergillus niger, que absorvem a
tinta durante seu crescimento.
"Pensamos em um projeto
barato economicamente e eficiente ecologicamente", explica Lucas. Ele cogita abrir uma
firma para lucrar com a ideia.
De noite, nos quartos
Os participantes da Intel Isef
passaram as tardes concentrados em discussões científicas.
Nada mais justo que, à noite,
relaxassem um pouco durante
as festas do evento.
Na quarta-feira passada, a
comemoração oficial era restrita. Só entravam os estudantes,
e o repórter foi barrado a gritos
de "sem imprensa!".
Do lado de fora, era possível
ver os jovens de 51 nacionalidades diferentes dançando.
A celebração terminou às
22h, mas os mais animados não
foram direto para os seus quartos. Na suíte de um dos times
dos Estados Unidos, rolava
uma comemoração secreta,
desde as 19h, somente para
convidados.
Alguns brasileiros, que não
quiseram se identificar, falaram em bebida alcoólica e em
beijo na boca liberados.
"Fiquei dez minutos e fui
embora, horrorizada", disse
uma estudante de 16 anos. O
som da música em volume alto
era ouvido nos quartos vizinhos. No do repórter, inclusive.
Os participantes da feira foram selecionados em seus países de origem por meio de feiras locais credenciadas.
No Brasil, são duas: a Mostratec (www.mostratec.com.br)
e a Febrace (www.lsi.usp.br/febrace), que acontecem, respectivamente, no RS e em SP.
Os vencedores de ambas viajaram para o evento nos EUA
com as despesas pagas pela Intel, pelo Ministério da Ciência e
Tecnologia do Brasil e por outras empresas patrocinadoras.
O jornalista DIOGO BERCITO
viajou a convite da Intel
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