São Paulo, segunda, 18 de maio de 1998

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Acha "galinha'? Não te merece

SILVIA RUIZ
da Reportagem Local

Em menos de 15 minutos de um bate-papo com garotas entre 15 e 17 anos ficou claro que, apesar de o assunto ser tratado com muita naturalidade, na prática, a camisinha ainda causa medo, vergonha e muita confusão na cabeça delas.
Medo de ter camisinha na bolsa e ser chamada de "galinha", medo de não ter e ser chamada de criança, medo de os pais descobrirem que ela transa e até medo de encarar o caixa da farmácia na hora da compra do preservativo.
"Já fui comprar camisinha para uma amiga e não tive vergonha, mas, se fosse para mim, acho que iria morrer", diz Larissa de Freitas Rezende, 17.
Levar ou não uma camisinha na bolsa é uma dúvida que atormenta demais as meninas. "Várias amigas têm medo que os garotos pensem que elas transam com todos só porque elas carregam uma camisinha na bolsa", diz Graziella Gonçales, 16.
"Dane-se o que os outros pensam", rebate Júlia Abrão, 16. "Se o cara pensa isso de você, ele não merece ficar com você."
Paula dos Santos, 16, que começou a transar há dois anos, "sempre de camisinha", diz que tudo é uma questão de tempo. "As primeiras vezes em que você pede para o menino usar são meio difíceis, mas com o tempo você acostuma e acaba se sentindo superbem. Você se sente responsável. Hoje, eu até coloco a camisinha no garoto e acho divertido."
Marina Maretti, 16, imagina que o ideal seja conversar sempre com o garoto antes de transar. "Você pode deixar claro para ele que só quer transar de camisinha. Na hora, ele vai saber o que você quer."
Uma das questões mais polêmicas: esperar ou não que, na hora H, o menino tome uma atitude. "Você tem de pensar que ele pode ser tímido ou pode não saber colocar a camisinha direito. Por isso o ideal é que você saiba fazer isso também", diz Paula.
O Folhateen conversou com garotas que já transaram e com meninas virgens para discutir o assunto. As primeiras disseram que sempre andam com camisinha à mão. As demais afirmaram que ainda não viam necessidade. Mas, ao final de duas horas de conversa, mudaram de idéia. "Já estou pensando em levar uma comigo, mesmo que seja para emprestar para uma amiga em uma emergência", disse Fernanda da Silva, 15.



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