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São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2003

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Atletas são recrutados para treinar em universidades dos EUA

Esporte pode ser passaporte

DA REPORTAGEM LOCAL

Há exatamente um ano você estava numa quadra perto de casa jogando vôlei ou batendo uma bola com os amigos. Não é adivinhação, é só uma hipótese. E, se for verdade, você pode ter passado batido por uma oportunidade de ouro, de prata ou de bronze.
Muitas universidades norte-americanas recrutam jovens talentos do esporte brasileiro para estudarem por lá. Principalmente quem faz tênis, vôlei (só as meninas) e futebol.
O tenista Christian Munn, 19, é um dos que foram começar a vida acadêmica nos EUA na semana passada. "Desde os 14 anos que eu pensava nessa possibilidade, mas há apenas um ano eu comecei a me mexer para isso", diz ele, que conseguiu 70% de desconto para estudar no Wallace State College, no Alabama, o que equivale ao custo de uma boa faculdade particular no Brasil.
Cinco instituições o disputaram e foi Christian quem acabou escolhendo para qual queria ir. "Sei que tenho de treinar e de estudar. Com o resto é a faculdade que se preocupa", afirma ele, sem mostrar receio de ir para outro país.
Para tentar uma vaga, nem precisa ser um supercraque no esporte, pois, na maioria das vezes, os jogadores vão fazer parte do time da universidade. Mas é preciso levar os estudos a sério, já que notas baixas desqualificam o atleta e ele pode perder a bolsa.
Existe até uma repescagem. Marcelo Luiz Ferreira, 21, também tenista, tentou ir pela primeira vez em 2001, mas, durante suas preparações, houve um 11 de setembro que o desanimou. "Foi até melhor, pois agora consegui uma bolsa de 96%", avalia.
Mas, para fazer todo o procedimento até chegar lá é que é preciso ter fôlego de profissional do esporte. Para começar, deve-se entrar em contato com a universidade desejada, fazer provas de inglês e enviar um currículo da sua carreira esportiva, além de uma fita de vídeo com um treinamento e um jogo de que tenha participado. Depois, é esperar a resposta. Tudo isso demora quase um ano.
Mas há quem atravesse a burocracia -cobrando, é claro- pelo atleta. É o caso da empresa Daqui pra fora, que, desde 2001, já mandou 120 pessoas para os Estados Unidos para estudar mais barato, inclusive os dois casos citados.

Paixão nacional
Como praticamente todo mundo se considera bom jogador de futebol no Brasil, as universidades americanas contratam técnicos, que fazem uma peneira, bem parecida com a que os próprios clubes brasileiros fazem. O período em que isso mais acontece é o primeiro semestre do ano.
Mas muitos dos nossos jogadores têm sido desclassificados na etapa final por não se mostrarem preparados para enfrentar a responsabilidade de ir morar fora, tirar boas notas e treinar ao mesmo tempo.
Se você não quiser ficar na reserva, a melhor hora para começar a agilizar sua vida esportiva e acadêmica é agora. Não se esqueça de que, nos EUA, o ano letivo começa em agosto. Bom treino e boa sorte. (RICARDO LISBÔA)


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