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Atletas são recrutados para treinar em universidades dos EUA
Esporte pode ser passaporte
DA REPORTAGEM LOCAL
Há exatamente um ano você estava numa quadra perto de casa
jogando vôlei ou batendo uma bola
com os amigos. Não é adivinhação,
é só uma hipótese. E, se for verdade, você pode ter passado batido
por uma oportunidade de ouro, de
prata ou de bronze.
Muitas universidades norte-americanas recrutam jovens talentos do esporte brasileiro para estudarem por lá. Principalmente
quem faz tênis, vôlei (só as meninas) e futebol.
O tenista Christian Munn, 19, é
um dos que foram começar a vida
acadêmica nos EUA na semana
passada. "Desde os 14 anos que eu
pensava nessa possibilidade, mas
há apenas um ano eu comecei a me
mexer para isso", diz ele, que conseguiu 70% de desconto para estudar no Wallace State College, no
Alabama, o que equivale ao custo
de uma boa faculdade particular
no Brasil.
Cinco instituições o disputaram
e foi Christian quem acabou escolhendo para qual queria ir. "Sei que
tenho de treinar e de estudar. Com
o resto é a faculdade que se preocupa", afirma ele, sem mostrar receio
de ir para outro país.
Para tentar uma vaga, nem precisa ser um supercraque no esporte,
pois, na maioria das vezes, os jogadores vão fazer parte do time da
universidade. Mas é preciso levar
os estudos a sério, já que notas baixas desqualificam o atleta e ele pode perder a bolsa.
Existe até uma repescagem. Marcelo Luiz Ferreira, 21, também tenista, tentou ir pela primeira vez
em 2001, mas, durante suas preparações, houve um 11 de setembro
que o desanimou. "Foi até melhor,
pois agora consegui uma bolsa de
96%", avalia.
Mas, para fazer todo o procedimento até chegar lá é que é preciso
ter fôlego de profissional do esporte. Para começar, deve-se entrar
em contato com a universidade desejada, fazer provas de inglês e enviar um currículo da sua carreira
esportiva, além de uma fita de vídeo com um treinamento e um jogo de que tenha participado. Depois, é esperar a resposta. Tudo isso demora quase um ano.
Mas há quem atravesse a burocracia -cobrando, é claro- pelo
atleta. É o caso da empresa Daqui
pra fora, que, desde 2001, já mandou 120 pessoas para os Estados
Unidos para estudar mais barato,
inclusive os dois casos citados.
Paixão nacional
Como praticamente todo mundo
se considera bom jogador de futebol no Brasil, as universidades
americanas contratam técnicos,
que fazem uma peneira, bem parecida com a que os próprios clubes
brasileiros fazem. O período em
que isso mais acontece é o primeiro
semestre do ano.
Mas muitos dos nossos jogadores
têm sido desclassificados na etapa
final por não se mostrarem preparados para enfrentar a responsabilidade de ir morar fora, tirar boas
notas e treinar ao mesmo tempo.
Se você não quiser ficar na reserva, a melhor hora para começar a
agilizar sua vida esportiva e acadêmica é agora. Não se esqueça de
que, nos EUA, o ano letivo começa
em agosto. Bom treino e boa sorte.
(RICARDO LISBÔA)
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