São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2008

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O único punk do Brasil

O totalmente subversivo Tom Zé tem sua história contada em documentário

Reuters
Tom Zé em uma apresentação bem louca na Espanha

LUANA VILLAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Alguém achou o título acima um exagero? Então assista ao documentário "Fabricando Tom Zé", que sai em DVD. Se a cultura punk pode ser compreendida como uma radicalização da subversão, não é difícil entender por que o jornalista Claudio Tognolli, um dos entrevistados do filme, define o músico como o único punk brasileiro.
Máquina de idéias, o baiano nunca se encaixou sob o rótulo da grande mãe MPB ou de nenhum estilo bem definido. Tropicalista? Sem dúvida, mas seu guarda-chuva -se é que ele tem um- é muito mais amplo.
O longa dirigido por Décio Matos -que foi eleito melhor documentário pelo júri popular no Festival Internacional do Rio de 2006 e na 30ª Mostra Internacional de São Paulo- procura oferecer pistas sobre o percurso bem escrito em linhas tortas do músico.
A espinha dorsal do filme é a turnê realizada na Europa em 2005. Além de cenas dos bastidores e dos shows, há entrevistas com todos os músicos, com Neusa Martins, empresária e mulher do cantor há mais de 25 anos, e, é claro, com Tom Zé.
Como não poderia deixar de ser, é da boca do compositor de 2001 que saem as melhores tiradas. "Quem é péssimo tanto faz tocar piano como enceradeira. E como ninguém toca enceradeira eu me tornei o único", afirma em uma das cenas.
Tomadas do protagonista em sua Irará natal, no interior baiano, e no jardim de seu prédio em São Paulo, onde é jardineiro, são pretextos para saborosas histórias pessoais.
Completando o time dos entrevistados estão os músicos Caetano Veloso, Gilberto Gil e Arnaldo Antunes, além de críticos e produtores, como Tárik de Souza e Arthur Nestrovski.
David Byrne, do Talking Heads, também dá seu depoimento. Foi ele o responsável pelo reconhecimento internacional da obra de Tom Zé, que culminou em seu redescobrimento em seu próprio país -onde estava esquecido.
Mas nem só de loas é feito o filme. Há cenas do músico "em dias de bucha", como ele mesmo diz, sem maquiagem. Uma briga explosiva com o técnico de som do Festival de Montreux, na Suíça, é a mais emblemática delas. Nada mais natural para um documentário sobre uma figura para quem os altos e baixos sempre tiveram extensa amplitude.

FABRICANDO TOM ZÉ
De Décio Matos
www.fabricandotomze.com.br


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