Bandas nacionais sempre reclamaram do privilégio de estrangeiros sobre brasileiros

DA REPORTAGEM LOCAL

O s artistas nacionais novos até encaram se apresentar para gente que só está na platéia para ver os estrangeiros. Mas as bandas consagradas não engolem ter tratamento inferior ao dado a artistas gringos, coisa muito comum em festivais daqui.
O incidente mais recente aconteceu há cerca de um ano, no festival da Mix FM de São Paulo, que uniu um elenco brasileiro de estrelas para abrir para uma atração internacional, a banda canadense Simple Plan.
Tico Santa Cruz, vocalista dos Detonautas, não se conteve e meteu a boca, no site oficial do grupo. Ele reclamou que o Simple Plan teve o privilégio de tocar em um excelente horário (o show da banda foi antecipado em função do atraso da programação), usando um equipamento de luz muito superior.
"Uma coisa é um show deles [o Simple Plan], sozinhos em qualquer lugar, onde são a atração e merecem todas as regalias. Outra coisa é estar junto com bandas que lutam dia a dia pela cultura nacional e acabam tendo que abrir mão de um monte de coisas importantes para suas apresentações."
Em 2001, o Rock in Rio 3 foi boicotado por bandas do primeiro time. Incentivados pelo Rappa, Raimundos, Jota Quest, Charlie Brown Jr., Cidade Negra e Skank formaram o Grupo dos Seis. "Um impasse de horário fez com que uma das bandas desistisse de se apresentar. As outras acompanharam a decisão", lembra Rogério Flausino, do Jota Quest.
Areia, baixista do Mundo Livre S/A, que abriu o Tim Festival em SP em 2005, confirma que a diferença de condições técnicas é normal, não apenas quando há estrangeiros.
Banda pequena que abre para artista grande se dá pior. "As consideradas secundárias só podem passar o som depois da principal. Como boa parte dos canais da mesa de som já está ocupada pela principal atração, sobra o resto para as outras. A qualidade nunca é 100%", conta Areia. O Mundo Livre S/A toca hoje na casa de shows Era Só o Que Faltava, em Curitiba. O grupo é a atração principal. (LETICIA DE CASTRO e LEANDRO FORTINO)


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