São Paulo, segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

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02 Neurônio

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O sonho acabou

NENHUMA FANTASIA dura para sempre. E, na semana passada, morreu o Sr. Roarke, anfitrião da "Ilha da Fantasia". Muitos leitores talvez nem saibam o que é isso, mas nós deformamos nossas cabecinhas na mais terna infância assistindo a esse seriado enlatado. A série se passava numa ilha tropicaliente, um resort em algum lugar distante e quente, em que as pessoas tentavam realizar fantasias. Podia ser qualquer sandice. Uma mulher queria encontrar um homem perfeito. Um homem queria ser reconhecido pelo seu talento de pianista. Uma louca queria ser rica e loura.
Tudo começava com um monomotor chegando com os convidados. Tattoo, o ajudante do Sr. Roarke, era um anão que usava -assim com seu chefe- um terno branco. Ele tinha como bordão "Um avião, patrão!". Essa era a senha para avisar que os visitantes tinham chegado. E iam ao seu encontro com seus carrinhos de golfe. Os visitantes eram recebidos com colar havaiano e um drinque de frutas (que nem aqueles de churrascaria) e iam para um chalé.
Durante o episódio, coisas estranhas iam acontecendo até que, de repente, a fantasia do sujeito se realizava. Mesmo que por vias tortas. No final, tudo dava certo para todo mundo, e Sr.Roarke e Tattoo faziam uma pensata sobre a existência. Era o máximo! E o melhor: isso nos deu uma provisória ilusão de que qualquer desejo poderia ser realizado.
E assim fomos criadas, na mais pura ignorância. E mesmo quando o mundo desabava, acreditávamos que as coisas iam dar certo, que alguém ia aparecer com um drinque de frutas e um colar havaiano e que tudo ia se acertar. Só que começamos a perceber que as coisas não eram tão simples assim quando Tattoo, o anão, um ícone dos anos 1980, morreu. E de forma trágica. Ele era alcoólatra, tinha uma doença grave e acabou cometendo suicídio na década seguinte. Ficamos chocadas. E agora, o Sr. Roarke nos prega esta peça!
E o que fazemos com as nossas fantasias? Por favor, alguém arruma um carrinho de golfe que queremos escapar do mundo! De preferência com um colar havaiano!

Momento de histeria

Mas o Carnaval vem aí...


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