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música
Movida a álcool
Explícita nos seus vícios e burradas, Amy Winehouse louva Motown com estilo
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A jovial Amy Winehouse se inspira nas
grandes divas da
música negra. Até o
alcoolismo de Billie
Holiday ela ostenta, ao lado de
uma personalidade incorrigível, infiel e explosiva.
Musicalmente, porém, tudo
isso só tem feito bem à essa moça de Middlesex, Inglaterra.
Em seu segundo disco, "Back to
Black", a proposta é homenagear o som dos artistas da Motown. O resultado é um registro
sensacional e uma excelente
porta para o funk e o soul.
À voz encorpada e ao carisma
de Amy, os produtores Salaam
Remi e Mark Ronson adicionaram arranjos suntuosos, à maneira da fábrica de hits que tomou a música pop a partir dos
anos 60. E voilà: obra-prima.
Tudo começa com a irresistível "Rehab", sobre as recusas da
moça em se desintoxicar. As divisões silábicas, o ritmo quebrado, tudo conspira para um
groove irresistível, sensual
-que não é exatamente a tônica do seu segundo álbum.
Amy Winehouse compõe sobre seus erros. Fala de si o tempo todo. Suas infidelidades,
seus equívocos, e isso se reflete
numa certa melancolia. "You
Know I'm No Good" tem tintas
mais dramáticas, embora não
lhe falte balanço.
O amor à Motown se escancara em "Tears Dry on their
Own", cuja harmonia é uma cópia (declarada) do sucesso
"Ain't No Mountain High
Enough", eternizado por Marvin Gaye e Tammi Terrell.
A sinceridade espirituosa da
inglesa ao cantar suas dores e
burradas fazem de "Back to
Black" um disco maior que a
simples imitação de fórmulas
que deram certo e, acima de tudo, um convite a escutar um
dos catálogos mais inspirados
da música pop americana.
BACK TO BLACK
Amy Winehouse
www.amywinehouse.co.uk
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