São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

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música

Movida a álcool

Explícita nos seus vícios e burradas, Amy Winehouse louva Motown com estilo

MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A jovial Amy Winehouse se inspira nas grandes divas da música negra. Até o alcoolismo de Billie Holiday ela ostenta, ao lado de uma personalidade incorrigível, infiel e explosiva.
Musicalmente, porém, tudo isso só tem feito bem à essa moça de Middlesex, Inglaterra. Em seu segundo disco, "Back to Black", a proposta é homenagear o som dos artistas da Motown. O resultado é um registro sensacional e uma excelente porta para o funk e o soul.
À voz encorpada e ao carisma de Amy, os produtores Salaam Remi e Mark Ronson adicionaram arranjos suntuosos, à maneira da fábrica de hits que tomou a música pop a partir dos anos 60. E voilà: obra-prima.
Tudo começa com a irresistível "Rehab", sobre as recusas da moça em se desintoxicar. As divisões silábicas, o ritmo quebrado, tudo conspira para um groove irresistível, sensual -que não é exatamente a tônica do seu segundo álbum.
Amy Winehouse compõe sobre seus erros. Fala de si o tempo todo. Suas infidelidades, seus equívocos, e isso se reflete numa certa melancolia. "You Know I'm No Good" tem tintas mais dramáticas, embora não lhe falte balanço.
O amor à Motown se escancara em "Tears Dry on their Own", cuja harmonia é uma cópia (declarada) do sucesso "Ain't No Mountain High Enough", eternizado por Marvin Gaye e Tammi Terrell.
A sinceridade espirituosa da inglesa ao cantar suas dores e burradas fazem de "Back to Black" um disco maior que a simples imitação de fórmulas que deram certo e, acima de tudo, um convite a escutar um dos catálogos mais inspirados da música pop americana.

BACK TO BLACK
Amy Winehouse
www.amywinehouse.co.uk


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