São Paulo, segunda-feira, 19 de março de 2007

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ambiente

Diversão com consciência

Com a ameaça do aquecimento global, Holanda cria discoteca em que o público gera a energia para a diversão

GLAUCO SABINO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"A proveitar a vida ajudando o planeta". É com essa idéia que um grupo de holandeses está desenvolvendo um projeto que pode dar samba (ou rock, ou electro, ou o que você preferir): a primeira balada sustentável do mundo.
Nela, os banheiros são abastecidos com água da chuva e da condensação do vapor liberado pelo suor das pessoas, as paredes reagem com o calor e mudam de cor e a refrigeração é feita por turbinas de vento instaladas no teto.
Mas a principal inovação dessa danceteria ecologicamente correta é a pista, capaz de gerar parte da energia elétrica consumida com o movimento das pessoas dançando.

Funcionamento simples
Enquanto você sacoleja, vibra e pula ao som dos DJs, um sistema capta toda essa energia mecânica e a transforma em eletricidade. É o mesmo princípio (lembra-se das aulas de física?) que coloca as usinas hidrelétricas para trabalhar.
Mas e se a música estiver ruim e a pista vazia? Aí entram em cena painéis solares instalados no telhado. "Um ganho e tanto, se você imaginar que, funcionando três vezes por semana, uma casa noturna gasta por ano 150 vezes mais energia elétrica que um lar", explicou ao Folhateen Alijd van Doorn, responsável pelo projeto.
A tecnologia por trás da pista geradora de energia ainda está sendo pesquisada pela Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda. Há vários métodos que estão sendo considerados.
Entre eles, a ativação de um gerador elétrico à medida que as pessoas dançam. Ou o método "pneumático": um tecido especial sobre a pista que funciona como uma grande bomba, comprimindo ar para ser utilizado em microturbinas ou em microgeradores.
Outra idéia, que pode ser aplicada a longo prazo, é o uso de cristais piezoelétricos. Esses minerais -o quartzo é o mais comum- ficam com a superfície carregada eletricamente quando são submetidos a uma pressão. Essa tecnologia já é usada em relógios de alta precisão e até em controles remotos.
Doorn conta que o primeiro protótipo da pista deverá ser apresentado ao público em julho, quando será realizada a 2ª The Critical Mass, festa que, em outubro de 2006, levou 1.500 pessoas ao clube Off Corso, em Roterdã, na Holanda, para o lançamento oficial da Sustainable Dance Club, como é chamada a balada.
"Danceterias são uma excelente forma de estarmos perto dos jovens. Escolhendo essa combinação de balada e sustentabilidade, somos desafiados a fazer da consciência ecológica uma coisa sexy e atraente", explica Doorn.
Com a possível criação de clubes sustentáveis também em Nova York e em Melbourne (Austrália), o projeto se alinha a uma nova onda verde que vem tomando conta do mundo nos últimos meses.


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