São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2010

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INTERNETS

Ronaldo Lemos - ronaldolemos09@gmail.com

Jogo de palavras

Há pouco tempo foi lançado o game "Dante's Inferno", baseado na "Divina Comédia". É um jogo de ação, em que o personagem desce aos círculos do Inferno tal como imaginados por Dante Alighieri, só que destruindo tudo.
"Dante's Inferno" não foi feito para ensinar. Apesar disso, se 0,01% dos seus milhões de jogadores se interessar um pouco pela "Divina Comédia", já será um feito. Games são fontes preciosas de motivação, mercadoria em falta no ambiente escolar. Por meio deles dá para inventar novas formas de aprendizado, como fizeram muitos professores ao trazer o cinema para a sala de aula.
Por exemplo, o vídeo que vazou na internet mostrando uma desastrosa operação militar americana em que civis foram executados (bit.ly/9h6f8b).
Quem já jogou "Call of Duty: Modern Warfare" vai achar tudo familiar: imagens em preto e branco, tudo rápido e à distância, diálogos entrecortados. É como no videogame (bit.ly/5jUqQx ). Só que com gente de verdade morrendo. Não faria feio o professor que chamasse os alunos a discutir a questão da despersonalização da guerra a partir do vídeo e do jogo.
Pouco explorada também é a relação entre games e literatura. Na linha de "Dante's Inferno", imagine um game de estratégia dialogando com "Os Sertões", em que o jogador precisa gerenciar recursos escassos e exércitos em uma geografia desolada pela seca. Ou um jogo de luta inspirado por "O Cortiço" (incluindo boas brigas de "jogo do pau", arte marcial portuguesa).
Ou ainda, um jogo no estilo de "God of War" (baseado na mitologia grega), só que no universo de "Os Lusíadas".
Esse diálogo entre linguagens não deixa de ser uma boa estratégia de aprendizado e de expansão da nossa tradição literária.


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