São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2010

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EDUCAÇÃO

Os eleitos

Representantes de sala são eleitos para defender os interesses dos alunos, e só os dos alunos

ELISANGELA ROXO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ele entra na sala de aula cumprimentando todo o mundo, mas diz que não é político. "Modéstia à parte, sou legal".
Alan Laureano, 19, é representante de classe do curso técnico de Administração da Etesp (Escola Técnica Estadual de São Paulo). Ele diz que o cargo para o qual foi eleito demanda tarefas simples, mas que exigem responsabilidade.
"Na base da conversa, a gente consegue praticamente tudo aqui", conta Marcelo Henrique Simoni, 17, vice-representante da mesma sala.
Chegar a um acordo nem sempre é tão simples. "Todos querendo coisas diferentes e a gente tem que entrar num consenso", explica Tamara dos Santos, 16, da Etec Albert Einstein, em seu terceiro mandato como representante de turma.
Representar é um ensaio sobre cidadania, porque o eleito (ou eleita) será a voz da classe.
"A gente fica mais visada, tem que dar exemplo", comenta Janaína Chelotti, 16, do colégio São Luís, em São Paulo.
No ano passado, depois de muita negociação, Tereza Broggi Ciardollo, 17, outra representante no São Luís, conseguiu convencer a direção a mudar o calendário de provas porque os alunos queriam ir à festa de formatura da escola.
Ana Jacqueline Kaiser Nunes, 15, da Etec, já foi representante de classe em todas as escolas nas quais estudou.
Uma de suas conquistas de outro mandato foi conseguir aumentar o recreio de 15 para 25 minutos. "A gente ficava cinco minutos a mais [na aula] todo os dias para compensar."

Democracia
Para exercer uma democracia de verdade na escola, no entanto, o ideal seria ter os eleitos também vinculados ao grêmio -instituição representativa dos alunos de uma mesma escola, na opinião de Sônia Kruppa, professora da Faculdade de Educação da USP.
"É um cargo mais político do que pedagógico."
Do ponto de vista educacional, a reeleição não é recomendada nas escolas, para dar a chance de outros estudantes exercitarem a liderança.
Os representantes precisam saber que é sempre o interesse da turma que deve ser defendido, mesmo que este seja diferente do que querem os professores e coordenadores. O conflito é positivo para que não haja imposições de nenhum lado.
Essa lição parece ter sido bem aprendida pelo representante Vitor Quarenta, 17, do colégio Equipe, onde esteve envolvido nas discussões políticas para instituir um grêmio.
E foi a entidade estudantil que trouxe os representantes para dentro das salas. Vitor foi eleito por unanimidade.


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