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EDUCAÇÃO
Os eleitos
Representantes de sala são eleitos para defender os interesses dos alunos, e só os dos alunos
ELISANGELA ROXO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ele entra na sala de aula
cumprimentando todo o
mundo, mas diz que não
é político. "Modéstia à parte,
sou legal".
Alan Laureano, 19, é representante de classe do curso técnico de Administração da
Etesp (Escola Técnica Estadual
de São Paulo). Ele diz que o cargo para o qual foi eleito demanda tarefas simples, mas que exigem responsabilidade.
"Na base da conversa, a gente
consegue praticamente tudo
aqui", conta Marcelo Henrique
Simoni, 17, vice-representante
da mesma sala.
Chegar a um acordo nem
sempre é tão simples. "Todos
querendo coisas diferentes e a
gente tem que entrar num consenso", explica Tamara dos
Santos, 16, da Etec Albert Einstein, em seu terceiro mandato
como representante de turma.
Representar é um ensaio sobre cidadania, porque o eleito
(ou eleita) será a voz da classe.
"A gente fica mais visada,
tem que dar exemplo", comenta Janaína Chelotti, 16, do colégio São Luís, em São Paulo.
No ano passado, depois de
muita negociação, Tereza
Broggi Ciardollo, 17, outra representante no São Luís, conseguiu convencer a direção a
mudar o calendário de provas
porque os alunos queriam ir à
festa de formatura da escola.
Ana Jacqueline Kaiser Nunes, 15, da Etec, já foi representante de classe em todas as escolas nas quais estudou.
Uma de suas conquistas de
outro mandato foi conseguir
aumentar o recreio de 15 para
25 minutos. "A gente ficava cinco minutos a mais [na aula] todo os dias para compensar."
Democracia
Para exercer uma democracia de verdade na escola, no entanto, o ideal seria ter os eleitos
também vinculados ao grêmio
-instituição representativa
dos alunos de uma mesma escola, na opinião de Sônia Kruppa, professora da Faculdade de
Educação da USP.
"É um cargo mais político do
que pedagógico."
Do ponto de vista educacional, a reeleição não é recomendada nas escolas, para dar a
chance de outros estudantes
exercitarem a liderança.
Os representantes precisam
saber que é sempre o interesse
da turma que deve ser defendido, mesmo que este seja diferente do que querem os professores e coordenadores. O conflito é positivo para que não haja imposições de nenhum lado.
Essa lição parece ter sido
bem aprendida pelo representante Vitor Quarenta, 17, do colégio Equipe, onde esteve envolvido nas discussões políticas
para instituir um grêmio.
E foi a entidade estudantil
que trouxe os representantes
para dentro das salas. Vitor foi
eleito por unanimidade.
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