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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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SEXO E SAÚDE

"Tenho 16 anos e estou muito sozinho. Tenho poucos amigos, sou fechado e triste. Tive uma infância difícil. Tiro notas baixas na escola porque não consigo prestar atenção a nada. Sinto que sou espionado e tenho medo até de mim. Sinto vontade de morrer. O que faço?"

Depressão requer ajuda, mas tem cura

JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA

Em primeiro lugar, parabéns pela coragem de escrever essa mensagem, um verdadeiro pedido de ajuda. Pouca gente conseguiria expressar tão claramente a barra que você está enfrentando. Fica difícil a gente bater o martelo daqui, mas vários sentimentos e sensações que você relata fazem pensar que você pode estar com depressão, uma doença muito mais comum do que se imagina, que atinge até 20% das pessoas em alguma fase da vida.
Tristeza, sensação de solidão, dificuldade de atenção, queda no rendimento escolar ou no trabalho, medo, idéias de morte, sensação de estar sendo espionado, tudo isso pode ser decorrência de uma depressão. E depressão, com tratamento, melhora.
Só não dá para enfrentar uma depressão desse tamanho sozinho. A gente precisa de ajuda. Em um primeiro momento, o médico mais indicado para falar com você é um psiquiatra, que vai avaliar a sua história e os seus sintomas, vai pedir alguns exames e receitar, por exemplo, um medicamento antidepressivo.
Além disso, você conta algumas características da personalidade (do seu jeito de ser) que podem estar dificultando sua vida, seus relacionamentos pessoais e até facilitando a manutenção da depressão. Timidez, insegurança e tendência ao isolamento podem ser obstáculos sérios para sua vida cotidiana.
Por isso, além de tratar da depressão, o médico tem de encaminhá-lo a uma terapia, que poderá ajudá-lo a compreender melhor seu jeito de ser e a aprender a lidar com essas características para, talvez, até mudar algumas delas.
Converse com os seus pais ou com uma pessoa mais velha em quem tenha confiança, explique o que você sente e peça ajuda para procurar o médico. Postos de saúde e instituições de ensino (faculdades de medicina e de psicologia) podem oferecer esses serviços de forma gratuita. Mas não perca tempo.
Quem pede ajuda quer, lá no fundo, melhorar e voltar ao normal. Levante a cabeça, procure um especialista e traga para a sua vida o que você andou perdendo nesses últimos tempos difíceis.
Quem tem a coragem que você teve de escrever essa carta pode e vai, com certeza, ficar bom.


Jairo Bouer, 37, é médico. Se você tem dúvida sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para jbouer@uol.com.br


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