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tv bizarra
S.O.S. METAL
Ex-integrantes de bandas de metal poser da década de 80 apelam para reality show em uma tentativa de salvar suas
carreiras fracassadas; programa "Rock Star" pode ser última chance
LEANDRO FORTINO
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES
Você já ouviu os pedidos "Salve as baleias", "Salve a Mata
Atlântica", "Salve o
mico-leão-dourado"... A partir do dia 5 de julho,
a TV paga criará um novo apelo: "Salve os posers". Não desse
jeito tão descarado, é claro. O
pedido de socorro virá sob o nome "Rock Star", reality show
que vai procurar o vocalista de
uma banda formada por uma
decadente trinca do metal.
O nome do grupo é Supernova (ironia?), e seu principal integrante, Tommy Lee, descende do mais puro poser, adjetivo
dado nos anos 80 a bandas de
metal que carregavam em tudo:
vocal exagerado, cabelo comprido e desfiado, roupas curtas
e transparentes combinadas
com couro, além de maquiagem e atitude femininas; nos
shows, muito fogo no palco.
Tommy era baterista da banda top poser Mötley Crüe, mas
ficou mais conhecido pela relação aberta -para o mundo todo, vale lembrar- com a modelo/atriz Pamela Anderson.
Seus companheiros não deixam nada a desejar e também
têm seus próprios currículos de
glória poser: Jason Newsted,
ex-baixista do Metallica, entrou na banda na fase cabelo
longo; e Gilby Clarke, ex-guitarrista do Guns N'Roses que
gravou apenas o disco de covers, "The Spaghetti Incident",
mas ainda mantém o mesmo
cabelo desfiado daquele início
dos anos 90.
Esses metaleiros, os apresentadores e 15 candidatos receberam a reportagem do Folhateen para uma entrevista numa mansão em Los Angeles.
Lá, os concorrentes a líder da
banda de rock vão ficar presos
e vigiados por câmeras durante
13 semanas. Os telespectadores
(inclusive os brasileiros) votam
em quem deve dançar -bem
no estilo "Big Brother".
"Não estávamos pensando
na televisão. Queríamos fazer
uma banda e algo diferente e
novo. Seremos nós mesmos,
não ligamos para a TV", jura
Gilby, lembrando que foi ele
quem teve a idéia de juntar Jason e Tommy para oferecer
seus talentos ao programa
"Rock Star" -em 2005, o reality show escolheu um cantor
para a banda australiana INXS.
Irritado, Jason já parte para
a defensiva e, antes do ataque,
explica: "A TV nos permitirá
fazer a propaganda da banda
dos "ex" Guns, Metallica e Mötley Crüe. Não há jeito melhor.
É a primeira vez que pessoas
como nós temos uma oportunidade dessas. Na época do Led
Zeppelin não havia MTV. Estamos em um mundo diferente".
Talvez o lugar de Tommy
não fosse nessa casa (em
"Tommy Lee Goes to College",
da MTV, ele está melhor acompanhado) cheia de gente chata
(os candidatos a "rock star" se
acham demais, sem nem mesmo terem aparecido na TV).
Por exemplo, ele leva na ironia quando questionam uma
declaração antiga: "Garotas
não sabem cantar". "Retiro o
que disse. Estava errado. Há
muitas cantoras, algumas não
cantam muito bem, mas as que
concorrem à vaga são ótimas".
"Mas você já tocou com garotas?", perguntam. (O verbo tocar -"to play"- pode significar
brincadeiras sexuais, se levado
de modo malicioso.) "Eu já toquei com muitas garotas", ri.
É bem capaz que, por causa
de Tommy, "Rock Star" vire
"cult". Sem vergonha, ele parece ser o único a entender que o
bom rock and roll vem das garagens e do amor ao estilo, e
não de um reality show.
"Não acho que estamos procurando um cantor ou músico.
Procuramos uma estrela do
rock", afirma Tommy. Dá para
levar esse cara a sério?
O jornalista Leandro Fortino viajou a Los Angeles a convite do canal People & Arts
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