São Paulo, segunda-feira, 19 de julho de 2010

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Alvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br

As coisas boas que vêm da Colômbia

O PRIMO E a prima moram numa favela de Bogotá. Ela, sob o sarrafo de um avô bêbado e tirano. Ele, na vida mansa, fotografando (e pegando) aspirantes a modelos.
Um dia, uma chuvarada derruba o barraco. O avô morre. Primo e prima se veem numa pindaíba ainda maior que aquela em que já viviam. Solução: voltar para a cidadezinha do litoral em que nasceram e de onde foram expulsos por um bando paramilitar.
Esse é "Retratos en un Mar de Mentiras", um ótimo filme colombiano que vi recentemente.
É o chamado "road movie". Seu foco está no interminável trajeto dos primos, de Bogotá até o litoral caribenho da Colômbia.
A estrada, podraça, é Colômbia na veia. Montanhas ultraíngremes e ultraverdes. Botecos com todo o tipo de tranqueira. De vez em quando, em meio a camponeses passando com suas galinhas, surgem os guerrilheiros das Farc para trocar tiros com o Exército.
Fui três ou quatro vezes para a Colômbia, sempre na correria. Pouco, mas deu pra ver: é fascinante.
Milhões (isso mesmo, milhões) de pessoas foram expulsas de suas casas em razão dos conflitos militares que devastaram o país nos anos 80 e 90. No caso de "Retratos en un Mar de Mentiras", um pequeno pelotão das Farc (a guerrilha que na época era de esquerda) dominou a área e ficou amigo do pessoal.
Mas os bandoleiros de direita não deixaram barato. Tomaram o vilarejo e mataram todo mundo que suspeitavam de colaborar com a guerrilha. Quem sobrou fugiu para a distante capital.
O filme, lamento informar, tem um final meio ridículo, e perde bastante depois que os primos concluem a viagem. Mesmo assim, vale muito ver. Fique ligado.


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