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esporte
Sai da frente
Adolescentes se unem aos pais em rali 4x4; após muita discussão,
os mais velhos aprendem a confiar nos mais novos
JULIANA CALDERARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Vanessa Becker tem
13 anos e já diz à sua
mãe como dirigir
um carro. Sua irmã
Fernanda, 15, faz o
mesmo com seu pai, que nem
reclama. As duas garotas são alguns exemplos de adolescentes
que participam de ralis 4x4, como o Mitsubishi Motosports.
Realizado em Campinas na semana passada, a última etapa
de 2007 estava cheia de jovens
pilotos e navegadores como as
irmãs Becker.
Elas, que ainda são menores
de 18 e não podem dirigir, vão
de co-pilotas exercendo a função de navegadoras. Com a ajuda de planilhas, de cronômetros e de totens (veja quadro ao
lado), elas são as responsáveis
por manter o carro no caminho
certo e fazer com que os motoristas obedeçam às marcas de
tempo e à velocidade estipuladas na prova.
Nesse tipo de prova, chamada de "regularidade", a habilidade dos participantes é mais
importante do que a velocidade. Em três diferentes categorias, os carros têm os tempos
exatos para passar nos postos
de controle (PC). Escondidos
atrás de moitas e porteiras de
fazendas, os PCs marcam, com
fotocélulas, quando cada carro
passou. Quanto mais distante
do chamado "tempo desejado"
o carro estiver, mais pontos a
dupla perderá. O vencedor é
aquele que, no final da prova, tiver perdido menos pontos.
Numa prova em que o atraso
ou a antecipação de cada décimo de segundo é levado em
conta, o desempenho de navegadores, como Fernanda, é fundamental. A garota, que participou da prova ao lado de seu pai,
Arcy Becker, já subiu ao podium três vezes em outras etapas realizadas pela marca. Pai e
filha começaram a correr em
2006 e se saíram tão bem na categoria Turismo Light, para iniciantes, que já avançaram para
a categoria Graduados, a mais
difícil. "Fomos convidados a
nos retirar", brincou o piloto.
Na categoria Turismo Light,
a família Fanzeres participou
da prova de um jeito pouco
convencional. No volante, a estreante Letícia, 20; na navegação, a experiente Fernanda, 23.
O pai, Sérgio Fanzeres, no banco de trás, de Zequinha. Esse é o
apelido carinhoso dado a quem
vai no banco de trás, uma brincadeira com o desenho Speed
Racer. Zequinha é o macaco
mascote de Speed, que sempre
participa das corridas escondido no porta-malas.
"É o nosso Zecão", divertem-se as irmãs de Niterói. Mas nem
sempre as sugestões e críticas
dos pais são bem-vindas. Fernanda Becker, que hoje corre
com o pai numa boa, conta que já teve problemas: "Na primeira vez brigamos tanto que quase tivemos que parar e voltar
para casa".
Rafael Silveira também teve
alguns momentos tensos por
conta de pitacos do pai. "Disse a
ele que tinha que confiar em
mim como eu teria que confiar
nele como navegador", contou
Rafael. Problemas resolvidos
entre os dois, o carro de número 231 ficou em 101º, na frente
de 40 outros.
O motorista de Passos de Minas já tinha experiência em dirigir em estradas de terra e não
atolou nenhuma vez. "Eu vou
muito a cachoeiras com meus
amigos e já estou acostumado
com a lama", conta Rafael.
Mesmo para quem nunca viu
uma estrada de terra e não consegue distinguir esquerda de
direita, ainda há uma chance de
subir ao pódium. A dupla que
chegar por último, ou seja, o
carro que completar todo o percurso e conseguir perder mais
pontos durante a prova ganha o
prêmio Indiana Jones.
"Costumamos dizer que são
aqueles participantes que, além
de errar, se perderam e pararam para tirar fotos", brinca
Corinna Souza Ramos, diretora
de eventos da Mitisubishi. O
curioso é que algumas pessoas
já entram na prova para disputar esse troféu, o que não é nada
fácil. Enquanto os vencedores
perdem 130 pontos em média,
o Indiana Jones perde dezenas
de milhares.
Na etapa realizada em Campinas levou o bem-humorado
prêmio a dupla de Campinas,
Fernando Peruz Evans e Milene Moreto, da Pajero de número 155. Uma possível explicação
para essa vitória é que a equipe
vinda de Campinas tenha usado o seu conhecimento da região, além de suas habilidades,
para somar os incríveis 65.959
pontos que lhes garantiram o
troféu.
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