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teatro
Brincadeira tem limite
Thriller da cia. Arthur-Arnaldo trata
da questão do "bullying" entre jovens
GABRIELA ROMEU
EDITORA-ASSISTENTE DA FOLHINHA
É no limite da tensão,
da moral e da brincadeira (ou da crueldade) que um grupo
de adolescentes entre 15 e 16 anos vivencia as situações da peça "DNA", que a
cia. Arthur-Arnaldo acaba de
estrear no Espaço dos Satyros,
em São Paulo. Ou seria mais
certo dizer sem limite algum?
Essa é só uma das questões
da adaptação do dramaturgo
inglês Dennis Kelly, que aborda
temas atuais como terrorismo
e infanticídio. É a primeira vez
em que ele é encenado no país.
Num cenário de escassas
produções teatrais para jovens,
com mais adaptações de clássicos e poucos textos que espelham o pensamento juvenil, a
companhia Arthur-Arnaldo ganha destaque por enfocar uma
tramurgia com temas polêmicos e linguagem ágil.
Foi assim em "Bate-Papo"
(2007), do irlandês Enda
Walsh, que colocou em debate
o "bullying" digital. Em 2008,
"Cidadania", adaptação de texto do inglês Mark Ravenhill,
trouxe à tona a descoberta da
homossexualidade. Já "DNA",
encenada recentemente no National Theatre de Londres, é a
terceira incursão da companhia no universo jovem.
Na peça, um grupo de adolescentes extrapola os limites da
brincadeira com Arthur, garoto
que provavelmente só queria
fazer parte da turma. Arthur
some. O que realmente aconteceu? Quem é o culpado?
"É algo que começa como
"bullying" e, depois, ganha outras proporções. Ética é uma
questão central na peça", diz o
diretor, Tuna Serzedello. "Li o
texto com alunos da Escola da
Vila e do Colégio São Luís [em
São Paulo], e muitos se identificaram com esses garotos."
Linguagem jovem
A tradutora, Soledad Yunge,
conta que um dos primeiros desafios da montagem foi a adaptação da peça. Dificuldade também apontada pela atriz Júlia
Novaes, 21: "O texto tem falta
de pontuação, com frases que
não dizem nada, são vazias de
sentido. É difícil, você não termina um pensamento".
Essa dramaturgia (que bem
pontua o linguajar jovem) amplifica a angústia do desenrolar
da trama toda, um thriller com
boas amarras, ao som de uma
trilha com Portishead, Marilyn
Mason e Beastie Boys.
No parque em que a montagem é ambientada, os jovens ficam à espera de uma liderança
que indique um caminho. Bem
daria para dizer que a peça é
uma versão teen de "Chapeuzinho Vermelho". Só que não há
adulto (mãe ou lenhador) por
perto, e a moral da história (ou
o lobo) é multifacetada.
NA INTERNET - Veja videocast com
imagens dos bastidores da peça
www.folha.com.br/091074
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