São Paulo, segunda-feira, 20 de abril de 2009

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teatro

Brincadeira tem limite

Thriller da cia. Arthur-Arnaldo trata da questão do "bullying" entre jovens

GABRIELA ROMEU
EDITORA-ASSISTENTE DA FOLHINHA

É no limite da tensão, da moral e da brincadeira (ou da crueldade) que um grupo de adolescentes entre 15 e 16 anos vivencia as situações da peça "DNA", que a cia. Arthur-Arnaldo acaba de estrear no Espaço dos Satyros, em São Paulo. Ou seria mais certo dizer sem limite algum?
Essa é só uma das questões da adaptação do dramaturgo inglês Dennis Kelly, que aborda temas atuais como terrorismo e infanticídio. É a primeira vez em que ele é encenado no país.
Num cenário de escassas produções teatrais para jovens, com mais adaptações de clássicos e poucos textos que espelham o pensamento juvenil, a companhia Arthur-Arnaldo ganha destaque por enfocar uma tramurgia com temas polêmicos e linguagem ágil.
Foi assim em "Bate-Papo" (2007), do irlandês Enda Walsh, que colocou em debate o "bullying" digital. Em 2008, "Cidadania", adaptação de texto do inglês Mark Ravenhill, trouxe à tona a descoberta da homossexualidade. Já "DNA", encenada recentemente no National Theatre de Londres, é a terceira incursão da companhia no universo jovem.
Na peça, um grupo de adolescentes extrapola os limites da brincadeira com Arthur, garoto que provavelmente só queria fazer parte da turma. Arthur some. O que realmente aconteceu? Quem é o culpado?
"É algo que começa como "bullying" e, depois, ganha outras proporções. Ética é uma questão central na peça", diz o diretor, Tuna Serzedello. "Li o texto com alunos da Escola da Vila e do Colégio São Luís [em São Paulo], e muitos se identificaram com esses garotos."

Linguagem jovem
A tradutora, Soledad Yunge, conta que um dos primeiros desafios da montagem foi a adaptação da peça. Dificuldade também apontada pela atriz Júlia Novaes, 21: "O texto tem falta de pontuação, com frases que não dizem nada, são vazias de sentido. É difícil, você não termina um pensamento".
Essa dramaturgia (que bem pontua o linguajar jovem) amplifica a angústia do desenrolar da trama toda, um thriller com boas amarras, ao som de uma trilha com Portishead, Marilyn Mason e Beastie Boys.
No parque em que a montagem é ambientada, os jovens ficam à espera de uma liderança que indique um caminho. Bem daria para dizer que a peça é uma versão teen de "Chapeuzinho Vermelho". Só que não há adulto (mãe ou lenhador) por perto, e a moral da história (ou o lobo) é multifacetada.


NA INTERNET - Veja videocast com imagens dos bastidores da peça www.folha.com.br/091074

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