JAIRO BOUER

"Até os 20, tinha uma namorada, não fazíamos sexo, mas aconteciam carícias íntimas e recíprocas. Não precisava me masturbar. No entanto, nos últimos quatro anos, tenho me masturbado seguidamente e isso me deixa mal, pois sinto que estou traindo minha atual namorada, com quem não tenho relação sexual, por uma escolha dos dois. Minha tristeza afeta meu relacionamento, meu trabalho e minhas visitas à Igreja. O que faço?"

Para começar, vamos tentar entender a origem da tristeza. Segundo o que está escrito, você fica infeliz porque sente que trai sua namorada quando se masturba. Será que o que traz tristeza não é o fato de você se sentir culpado por se masturbar? Será que sua namorada não entra nessa história como uma espécie de "desculpa" para você evitar lidar com frustração, culpa e auto-punição?
A maior parte dos jovens (e muitos adultos) se masturba em algum momento da vida. A masturbação é uma forma de lidar com a exploração do corpo e do próprio prazer. Em geral, as pessoas não sentem grandes conflitos emocionais por causa da masturbação.
Mas algumas pessoas, como parece ser seu caso, têm dificuldades em lidar com a masturbação. Pressões familiares, educação conservadora e convicções religiosas, entre outras, podem ter um impacto na sexualidade e na questão da masturbação.
Pelo que você conta, você nunca fez sexo, com penetração, com suas namoradas. Apesar disso, com a primeira delas, havia a prática de masturbação mútua. A questão do prazer estava presente e era vivida de forma concreta por vocês. Não era?
Com a segunda namorada, o sexo também não acontece e, aparentemente, as práticas mais íntimas também não! Então, você recorre à você mesmo para viver seu prazer. Só que isso faz você se sentir mal e triste.
O que fazer? A primeira opção é abrir mão da masturbação e esperar até casar com sua namorada e começar a fazer sexo. Só que isso parece difícil! Afinal, já que essa é uma decisão que só depende de você, por que, depois de quatro anos de namoro, você não conseguiu seguir esse caminho? Provavelmente, porque a questão do prazer está viva no seu cotidiano.
A segunda hipótese é conversar com sua namorada para rever a posição de não ter nenhum tipo de intimidade. Será que é viável? Para terminar, a última alternativa seria deixar tudo como está e aprender a lidar melhor com essa culpa que você sente. Culpa por quê? Será que masturbação é traição? Será que viver a sexualidade e o prazer é motivo de vergonha?
Toque final: muita gente, mesmo namorando e fazendo sexo, não abre mão, de vez em quando, de se masturbar. Será a masturbação, de fato, um grande entrave à fidelidade e harmonia da vida a dois? Pense um pouco nisso e boa sorte!