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São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2003

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SEXO E SAÚDE

Garota virgem sente-se um peixe fora d'água

"Tenho 26 e ainda sou virgem. Não conto para a maioria dos meus amigos para não ouvir brincadeiras. Não estou sabendo controlar essa°situação. O que faço?"

JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA

É curioso pensar que a gente vive em um tempo em que o preconceito em relação à virgindade ocorre às avessas do que acontecia há 20 ou 30 anos. Hoje quem é virgem é alvo de brincadeiras por parte da turma em alguns grupos sociais. Mas por quê?
Antigamente as garotas que já tinham tido relações sexuais eram vistas com maus olhos. Eram "galinhas", não serviam para namorar, não dava para confiar nelas etc. Hoje, meninas virgens são vistas como problemáticas, esquisitas, "trouxas" e por aí vai.
De acordo com a pesquisa "Comportamento Sexual do Brasileiro", do Ministério da Saúde em parceria com o Cebrap (www.aids.gov.br), quase metade dos meninos e um terço das meninas já tiveram uma relação sexual completa antes dos 15 anos. Cedo não? Por outro lado, quase 25% das pessoas de 16 a 25 são "virgens".
Você percebe que existe uma variação grande do comportamento sexual no país? As influências sociais, culturais, familiares e religiosas atuam de forma muito diferente nos jovens. Em alguns grupos religiosos, por exemplo, ter uma relação sexual antes do casamento é estritamente proibido.
O mais importante desses números é você perceber que não é um peixe fora d'água. Há muita gente nas mesmas condições que as suas hoje no seu bairro e na sua cidade. Então por que as pessoas fazem brincadeiras? Por que é mais fácil tirar sarro e caçoar de quem pensa ou age de modo distinto ao da turma.
E o que você quer? Esqueça os outros e pense: você está tranquila com o fato de ser virgem ou isso é um problema para você? Será que você quer ter uma transa e não consegue por algum tipo de inibição ou está muito bem do jeito que é. Essa reflexão é muito importante!
Para muita gente, ser virgem não é um problema. É uma opção. Você pode estar querendo esperar o cara certo, no momento certo e isso tudo pode acontecer mesmo aos 26. Ou você pode estar querendo mudar a situação, mas tem medo, não consegue chegar nos caras e sente-se mal com uma aproximação.
Nesse último caso, seria uma boa idéia pensar em como mudar de postura. Se não dá para vencer as inibições por conta própria, conversar com alguém pode ser uma boa idéia. Nesse caso, o profissional mais indicado seria um terapeuta. Mas lembre-se que a decisão de transar ou não deve seguir um desejo seu e não uma pressão da turma. OK?
Jairo Bouer,37, é médico. Se você tem dúvidas sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para jbouer@uol.com.br.



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