São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2004

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MÚSICA

Grupo baiano Lampirônicos lança segundo álbum, "Toda Prece", gravado no estúdio de Carlinhos Brown e bancado por um atacadão de Salvador; banda fará turnê européia

Na freqüência dos orixás

Divulgação
Lampirônicos, banda de rock com influência nordestinas


LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

Tocar rock na terra do axé não é moleza. Mas, com uma mãozinha dos raios e trovões de Xangô, o grupo baiano Lampirônicos tem feito milagres: conseguiu, de graça, um estúdio para gravar o segundo CD, teve o patrocínio de um atacadão de Salvador para lançá-lo e embarca no fim do mês para uma segunda turnê pela Europa.
"Toda Prece" é o nome do novo disco, lançado de maneira independente pelo selo baiano TAG. O grupo conseguiu se beneficiar de um programa do Estado da Bahia de incentivo à cultura, Faz Cultura, e com isso atraiu o apoio do Atacadão Centro-Sul, que já havia patrocinado algumas peças de teatro.
O estúdio Ilha dos Sapos foi emprestado pelo compositor Carlinhos Brown, com quem o guitarrista dos Lampirônicos, Robertinho Barreto, 32, já havia trabalhado na Timbalada e na produção de três faixas do CD de estréia do grupo, "Que Luz É Essa?".
"Brown acompanhou de perto todo o processo do início. Quando estávamos para gravar o primeiro, ele disponibilizou o estúdio, o melhor de Salvador. Ele é muito agulhado, faz várias coisas ao mesmo tempo. Ele foi muito mais um parceiro que um produtor", conta Robertinho.
No ano passado, o grupo fez sua primeira turnê internacional, passando por países da Europa, como a Bélgica e a Alemanha. Os shows marcaram a estréia do novo vocalista, Vince de Mira. "O primeiro show de Vince foi na Europa, o que foi bom, pois as pessoas não tinham nenhuma referência da gente. Recebemos uma proposta para lançar o disco "Que Luz É Essa?" lá. Saiu em Portugal e na Inglaterra, e o segundo também deve ser lançado. Tocamos em festivais e até surgiram convites para este ano."
Em Montreux, o grupo tocará pela primeira vez. Mas essa não será a primeira visita da banda à cidade suíça. No ano passado, em um intervalo de quatro dias da turnê européia, os Lampirônicos ficaram hospedados em um apartamento de um amigo. Lá eles compuseram duas faixas de "Toda Prece", "Aliança" e "Subwoofer de Xangô".
"Quando chegamos, estava trovejando e lampejando muito. Logo nas duas primeiras noites, havia muitos raios e trovões, e Xangô representa isso. Achamos que Xangô estava danado, então fizemos essa associação. Subwoofer é uma referência às freqüências graves, e as trovoadas pareciam estar dentro do apartamento. O pessoal falou: "Isso é Xangô também'", conta Robertinho, que vê mais oportunidades de tocar rock com influências nordestinas na Europa do que na Bahia.
"Há aqui um mercado muito forte. A própria Pitty tocou por aqui durante muito tempo, em um circuito paralelo que sempre existiu em Salvador, mas da forma que foi tomado o poder aqui, com o axé, faz com que o rock não decole. Quando a nossa música repercute no sul fica mais fácil para tocar aqui. Quando moramos em São Paulo e voltamos, percebemos que a coisa havia mudado. A mesma coisa com Pitty, que tocou aqui milhões de vezes, mas continuava uma pessoa completamente desconhecida. O mercado é cruel nesse sentido."


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