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MÚSICA
Grupo baiano Lampirônicos lança segundo álbum, "Toda Prece", gravado no estúdio de Carlinhos Brown e bancado por um atacadão de Salvador; banda fará turnê européia
Na freqüência dos orixás
Divulgação
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Lampirônicos, banda de rock com influência nordestinas |
LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL
Tocar rock na terra do axé não é moleza. Mas, com uma mãozinha dos
raios e trovões de Xangô, o grupo
baiano Lampirônicos tem feito milagres: conseguiu, de graça, um estúdio para gravar o segundo CD,
teve o patrocínio de um atacadão
de Salvador para lançá-lo e embarca no fim do mês para uma segunda turnê pela Europa.
"Toda Prece" é o nome do novo
disco, lançado de maneira independente pelo selo baiano TAG. O
grupo conseguiu se beneficiar de
um programa do Estado da Bahia
de incentivo à cultura, Faz Cultura,
e com isso atraiu o apoio do Atacadão Centro-Sul, que já havia patrocinado algumas peças de teatro.
O estúdio Ilha dos Sapos foi emprestado pelo compositor Carlinhos Brown, com quem o guitarrista dos Lampirônicos, Robertinho Barreto, 32, já havia trabalhado na Timbalada e na produção de
três faixas do CD de estréia do grupo, "Que Luz É Essa?".
"Brown acompanhou de perto
todo o processo do início. Quando
estávamos para gravar o primeiro,
ele disponibilizou o estúdio, o melhor de Salvador. Ele é muito agulhado, faz várias coisas ao mesmo tempo.
Ele foi muito mais um parceiro que um
produtor", conta Robertinho.
No ano passado, o grupo fez sua primeira
turnê internacional, passando por países
da Europa, como a Bélgica e a Alemanha.
Os shows marcaram a estréia do novo vocalista, Vince de Mira. "O primeiro show de
Vince foi na Europa, o que foi bom, pois as
pessoas não tinham nenhuma referência da
gente. Recebemos uma proposta para lançar o disco "Que Luz É Essa?" lá. Saiu em
Portugal e na Inglaterra, e o segundo também deve ser lançado. Tocamos em festivais e até surgiram convites para este ano."
Em Montreux, o grupo tocará pela
primeira vez. Mas essa não será a
primeira visita da banda à cidade
suíça. No ano passado, em um intervalo de quatro dias da turnê européia, os Lampirônicos ficaram hospedados em um apartamento de um
amigo. Lá eles compuseram duas
faixas de "Toda Prece", "Aliança" e
"Subwoofer de Xangô".
"Quando chegamos, estava trovejando e lampejando muito. Logo nas
duas primeiras noites, havia muitos
raios e trovões, e Xangô representa
isso. Achamos que Xangô estava danado, então fizemos essa associação.
Subwoofer é uma referência às freqüências graves, e as trovoadas pareciam estar dentro do apartamento. O pessoal falou: "Isso é Xangô
também'", conta Robertinho, que vê
mais oportunidades de tocar rock
com influências nordestinas na Europa do que na Bahia.
"Há aqui um mercado muito forte. A própria Pitty tocou por aqui
durante muito tempo, em um circuito paralelo que sempre existiu
em Salvador, mas da forma que foi
tomado o poder aqui, com o axé, faz com
que o rock não decole. Quando a nossa música repercute no sul fica mais fácil para tocar aqui. Quando moramos em São Paulo e
voltamos, percebemos que a coisa havia
mudado. A mesma coisa com Pitty, que tocou aqui milhões de vezes, mas continuava
uma pessoa completamente desconhecida.
O mercado é cruel nesse sentido."
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