São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2008

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música

Abominável Pingüim das Neves

Astronauta Pingüim lança disco e fala sobre coleção de instrumentos e guitarra tropicalista

JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Astronauta Pingüim, 32, é uma figurinha carimbada da noite paulistana. Toca teclado com vários artistas, produz discos de bandas indies, opera mesa de som em shows, cuida da pequena gravadora Pineapple Music e ainda tem uma carreira solo.
Não bastassem tantas atividades, o gaúcho de São Leopoldo também coleciona instrumentos musicais.
Sua coleção de teclados já soma 16 itens, incluindo um raro vocoder, utilizado em quatro faixas de "Super Sexxxy Sounds", seu segundo CD solo (leia crítica ao lado).
Mas o que chama atenção no arsenal do Pingüim é uma guitarra Regvlvs Raphael, do mesmo modelo que Sérgio Dias aparece segurando na capa do LP coletivo "Tropicália ou Panis et Circencis", de 1968.
A Regvlvs é marca registrada dos Mutantes. Cláudio César Dias Baptista, irmão mais velho de Sergio Dias e Arnaldo Baptista, era o luthier que produzia as guitarras usadas pela banda.
A de Pingüim foi comprada há mais de uma década, quando ele trabalhava numa loja de instrumentos musicais, em Porto Alegre. Um músico do litoral gaúcho apareceu no estabelecimento com um modelo, dizendo tê-lo comprado de Sérgio Dias. Fã de Mutantes, Pingüim enlouqueceu. Xavecou o cara por mais de um ano até botá-la num rolo por um amplificador Fender. Antes de ficar com a guitarra, Pingüim mandou uma carta para Cláudio César descrevendo o instrumento.
Segundo Pingüim, o luthier escreveu que aquela deveria mesmo ser a guitarra da capa do "Tropicália". Ou seja, uma memorabilia valiosíssima.
Mesmo assim, Pingüim não botou a guitarra num cofre nem tentou vendê-la para o cantor Beck (apesar de brincar dizendo que um dia vai fazer isso e comprar um apartamento com a grana).
Muito pelo contrário: usa a guitarra normalmente, em shows e gravações, e até oferece para que outras pessoas a toquem. "Só não deixo se a pessoa estiver de cinto, pois isso pode arranhá-la", diz. Pesadíssima, ela tem um som próprio.
Sérgio Dias, no entanto, não acredita que a guitarra de Pingüim seja a mesma da capa do "Tropicália". De acordo com ele, o instrumento está em posse dos integrantes do Grupo Nós, de Ribeirão Preto.


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