EXISTE UM tesouro na internet que eu quero que você conheça. É o arquivo de vídeo, supercompleto e muito bem organizado, do programa de entrevistas de maior prestígio na TV americana: o de Charlie Rose, na emissora pública PBS.
Está tudo no site de Rose, charlierose.com.
Os entrevistados são de todos os tipos. David Bowie? Está lá, em duas entrevistas. Barack Obama? Também foi entrevistado, quatro vezes. David Lynch, o cineasta doidão? Apareceu em duas edições. Mick Jagger? Em três.
Talvez por trabalhar em TV, confesso que tinha um pé atrás com Charlie Rose. Achava o programa simples demais, sem usar os amplos recursos que a televisão oferece. Só uma mesa, duas cadeiras, fundo preto. E, quase sempre, um único convidado, numa entrevista de uma hora. Nada de material gravado para ilustrar as conversas, de vinhetas espertas ou recursos modernos.
O visual simples, na verdade, é uma mensagem: o foco, aqui, está no conteúdo. Charlie Rose é um ótimo entrevistador.
Um exemplo é a entrevista que ele fez com o ex-diretor de Redação do "New York Times" Howell Raines, em 11/7/ 2003, um mês depois de Raines ser demitido em meio a um escândalo que envolvia um repórter que inventava notícias. Pós-demissão, Raines ainda não tinha aparecido em público. Rose explicou, na abertura do programa, que conseguiu convencer o ex-diretor a falar porque eles eram amigos de muitos anos.
Quem escuta isso pensa: lá vem brodagem. Mas não foi o que se viu. Rose encostou o amigo na parece. Insistiu em perguntas de que Raines tentou escapar. Voltou a assuntos incômodos seguidamente. Raines, até poucos dias antes um dos jornalistas mais poderosos do mundo (provavelmente o mais poderoso), gaguejava e não conseguia completar raciocínios.
Use e abuse do site de Charlie Rose. Você vai aprender jornalismo e inglês ao mesmo tempo.

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...e quando falei que essa mulher era produto de uma máquina de jabá, foi aquela chiadeira.

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