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Veteranos dão dicas a novatos
A sétima arte não é moleza, dizem cineastas e produtores
DA REPORTAGEM LOCAL
"Quem quer fazer cinema no Brasil tem de estar preparado para qualquer negócio, inclusive passar fome", dispara Carlos Reichenbach, 56, diretor de "Alma
Corsária" e "Dois Córregos".
E continua: "Pobre do sujeito que entra no curso de
cinema pensando no que vai ganhar. O cineasta tem de
aprender a ser pobre, faz parte do processo."
Segundo ele, o volume de produções cinematográficas no país é pequeno. "As dificuldades são muitas, não
há muito espaço. O cara que sai da faculdade vai ter de
começar como terceiro assistente ou estagiário", diz.
Reichenbach diz que o melhor caminho para entrar
no meio é se engajar em equipes de filmagem já no segundo ano do curso de cinema. "Às vezes, os alunos
trancam a matrícula e só voltam para se formar depois
de profissionalizados. Eu fiz isso", conta.
O produtor de cinema Farid José Tavares, 41, da Raiz
Produções Cinematográficas, diz que "fazer cinema no
Brasil é realmente complicado". "O caminho é começar
com curtas e, depois, tentar entrar em alguma equipe de
longa, como assistente de direção ou produção."
Segundo ele, os cargos técnicos, que envolvem som e
fotografia, exigem uma experiência maior. "Mas, se a
pessoa já fez vários trabalhos de fotografia na faculdade,
às vezes até dá para descolar uma vaga."
Um dos problemas apontados por Farid para os cineastas iniciantes é o financiamento. "Para curta-metragem, o que existe basicamente são concursos públicos. Nas leis de incentivo -a Rouanet e a do Audiovisual- , o que vale mais é o contato com a empresa do
que a qualidade do projeto", diz. Segundo ele, há muita
indicação de políticos e amigos, e é muito difícil alguém
desconhecido conseguir dinheiro.
Farid diz que as pessoas acabam procurando mais o
mercado publicitário, porque os salários são maiores e
o trabalho é mais constante. "O cinema tem uma inconstância maluca. Pode rolar um intervalo de cinco
meses entre um filme e outro."
Experiência com curtas e vídeos contam bastante nessa área. "Quem tem um curta premiado pode ser convidado a dirigir um comercial", diz Farid.
Outra área em alta para os recém-formados, segundo
Reichenbach, são os canais a cabo. "Muita gente sai da
escola para a TV a cabo, que tem um direcionamento
para o público mais jovem."
(AUGUSTO PINHEIRO)
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