São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Veteranos dão dicas a novatos

A sétima arte não é moleza, dizem cineastas e produtores

DA REPORTAGEM LOCAL

"Quem quer fazer cinema no Brasil tem de estar preparado para qualquer negócio, inclusive passar fome", dispara Carlos Reichenbach, 56, diretor de "Alma Corsária" e "Dois Córregos".
E continua: "Pobre do sujeito que entra no curso de cinema pensando no que vai ganhar. O cineasta tem de aprender a ser pobre, faz parte do processo."
Segundo ele, o volume de produções cinematográficas no país é pequeno. "As dificuldades são muitas, não há muito espaço. O cara que sai da faculdade vai ter de começar como terceiro assistente ou estagiário", diz.
Reichenbach diz que o melhor caminho para entrar no meio é se engajar em equipes de filmagem já no segundo ano do curso de cinema. "Às vezes, os alunos trancam a matrícula e só voltam para se formar depois de profissionalizados. Eu fiz isso", conta.
O produtor de cinema Farid José Tavares, 41, da Raiz Produções Cinematográficas, diz que "fazer cinema no Brasil é realmente complicado". "O caminho é começar com curtas e, depois, tentar entrar em alguma equipe de longa, como assistente de direção ou produção."
Segundo ele, os cargos técnicos, que envolvem som e fotografia, exigem uma experiência maior. "Mas, se a pessoa já fez vários trabalhos de fotografia na faculdade, às vezes até dá para descolar uma vaga."
Um dos problemas apontados por Farid para os cineastas iniciantes é o financiamento. "Para curta-metragem, o que existe basicamente são concursos públicos. Nas leis de incentivo -a Rouanet e a do Audiovisual- , o que vale mais é o contato com a empresa do que a qualidade do projeto", diz. Segundo ele, há muita indicação de políticos e amigos, e é muito difícil alguém desconhecido conseguir dinheiro.
Farid diz que as pessoas acabam procurando mais o mercado publicitário, porque os salários são maiores e o trabalho é mais constante. "O cinema tem uma inconstância maluca. Pode rolar um intervalo de cinco meses entre um filme e outro."
Experiência com curtas e vídeos contam bastante nessa área. "Quem tem um curta premiado pode ser convidado a dirigir um comercial", diz Farid.
Outra área em alta para os recém-formados, segundo Reichenbach, são os canais a cabo. "Muita gente sai da escola para a TV a cabo, que tem um direcionamento para o público mais jovem." (AUGUSTO PINHEIRO)


Texto Anterior: O novo cinema novo: Uma nova geração de cineastas promete sacudir o cinema brasileiro
Próximo Texto: Cartas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.