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Música
Quanto vale o show?
Campari + Motomix + New Order = de R$ 185 (meia-entrada) a R$ 450 (ingressos mais caros em São Paulo)
ALAN DE FARIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Excesso de shows de
bandas gringas no
Brasil. Se antes essa
possibilidade não
passava de um desejo impossível, hoje o sonho realizado passou a ser uma dor de
cabeça para os fãs de música.
Afinal de contas, como arrumar
dinheiro para as viagens até os
locais das apresentações, para a
hospedagem e, claro, para os
ingressos dos vários festivais e
shows internacionais que vão
rolar no país neste semestre?
A estudante de jornalismo
Mariana Mandelli, 20, fez um
trato com seu pai para descolar
a grana. "Disse a ele que prefiro
ir a shows a gastar em baladas e,
como o meu pai sabe disso, ele
acaba me apoiando", conta. Ela
já garantiu os ingressos para os
festivais Motomix Art Music e
Campari Rock e para o show do
New Order. "Ao todo, gastei
quase R$ 200 com as entradas."
Entre as atrações do Motomix Art Music, que vai rolar entre os dias 13 e 16 de setembro,
em São Paulo, Mariana está ansiosa para ver Art Brut, Peter
Hook e o mais esperado de todos, a banda escocesa Franz
Ferdinand.
Liderada pelo vocalista Alex
Kapranos, a banda também
atraiu o interesse da arquiteta e
urbanista Adriana Hiromi Nagano, 24, para o Motomix. "Foi
difícil ter que optar entre um
festival e outro", diz ela, que
não vai ao Campari nem ao
New Order. "Para a escolha, pesou o fator dinheiro e o fato de
não ter visto o Franz em fevereiro, quando a banda abriu o
show do U2", conta.
A arquiteta costuma dizer
que "trabalha para pagar
shows". Mesmo tendo se formado neste ano, ela reclama
das baixas cotas dos ingressos
de meia-entrada. "É um direito
que os estudantes têm, mas
muitos não conseguem comprar com desconto."
Preços nada amigáveis
A estudante de design digital
Ana Carolina Genduso, 19, já
está com o ingresso do Campari
Rock nas mãos, ou melhor, no
bolso. "Estou indo pelo Gang of
Four, uma banda das antigas",
confessa. Ela acredita que esta
pode ser a última oportunidade
de vê-los ao vivo.
Ana Carolina, que não tem
emprego fixo, se organizou e
guardou todo o dinheiro que
ganhou como freelancer para ir
ao show dos "velhinhos" roqueiros .
Além do Gang of Four, os
suecos dos Cardigans são outra
atração do Campari, que rola
em setembro, nos dias 6 (São
Paulo), 8 (Florianópolis) e 9
(Belo Horizonte).
Para ela, os preços dos shows
e festivais não são nada amigáveis. No entanto, "pelas atrações e pelo fato de ser estudante, o preço acaba ficando em
conta", acredita.
Família unida
Enquanto as três esperam a
definição do line-up do Tim
Festival, que já confirmou, entre outros, a vinda de Yeah
Yeah Yeahs e Daft Punk, Bianca Brunow Dalla, 20, de Vitória,
Espírito Santo, já reservou hotel para os dias do evento no
Rio de Janeiro (26 a 29 de outubro -o Tim Festival também
ocorre em São Paulo, nas mesmas datas).
"Vamos eu, meu namorado e
minha família inteira para o
Tim", revela a moça. O pique
para os shows é a sábia influência de seu pai. "Ele fala para não
perdemos a oportunidade de
ver as bandas de que gostamos
ao vivo."
Por essas e outras, Bianca
acredita que vale qualquer sacrifício. "A imagem do vocalista
dos Strokes acenando para
mim no Tim Festival do ano
passado vale muito mais do que
uma conta no vermelho no próximo mês."
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