São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2006

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Música

Quanto vale o show?

Campari + Motomix + New Order = de R$ 185 (meia-entrada) a R$ 450 (ingressos mais caros em São Paulo)

ALAN DE FARIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Excesso de shows de bandas gringas no Brasil. Se antes essa possibilidade não passava de um desejo impossível, hoje o sonho realizado passou a ser uma dor de cabeça para os fãs de música. Afinal de contas, como arrumar dinheiro para as viagens até os locais das apresentações, para a hospedagem e, claro, para os ingressos dos vários festivais e shows internacionais que vão rolar no país neste semestre?
A estudante de jornalismo Mariana Mandelli, 20, fez um trato com seu pai para descolar a grana. "Disse a ele que prefiro ir a shows a gastar em baladas e, como o meu pai sabe disso, ele acaba me apoiando", conta. Ela já garantiu os ingressos para os festivais Motomix Art Music e Campari Rock e para o show do New Order. "Ao todo, gastei quase R$ 200 com as entradas."
Entre as atrações do Motomix Art Music, que vai rolar entre os dias 13 e 16 de setembro, em São Paulo, Mariana está ansiosa para ver Art Brut, Peter Hook e o mais esperado de todos, a banda escocesa Franz Ferdinand.
Liderada pelo vocalista Alex Kapranos, a banda também atraiu o interesse da arquiteta e urbanista Adriana Hiromi Nagano, 24, para o Motomix. "Foi difícil ter que optar entre um festival e outro", diz ela, que não vai ao Campari nem ao New Order. "Para a escolha, pesou o fator dinheiro e o fato de não ter visto o Franz em fevereiro, quando a banda abriu o show do U2", conta.
A arquiteta costuma dizer que "trabalha para pagar shows". Mesmo tendo se formado neste ano, ela reclama das baixas cotas dos ingressos de meia-entrada. "É um direito que os estudantes têm, mas muitos não conseguem comprar com desconto."

Preços nada amigáveis
A estudante de design digital Ana Carolina Genduso, 19, já está com o ingresso do Campari Rock nas mãos, ou melhor, no bolso. "Estou indo pelo Gang of Four, uma banda das antigas", confessa. Ela acredita que esta pode ser a última oportunidade de vê-los ao vivo.
Ana Carolina, que não tem emprego fixo, se organizou e guardou todo o dinheiro que ganhou como freelancer para ir ao show dos "velhinhos" roqueiros .
Além do Gang of Four, os suecos dos Cardigans são outra atração do Campari, que rola em setembro, nos dias 6 (São Paulo), 8 (Florianópolis) e 9 (Belo Horizonte).
Para ela, os preços dos shows e festivais não são nada amigáveis. No entanto, "pelas atrações e pelo fato de ser estudante, o preço acaba ficando em conta", acredita.

Família unida
Enquanto as três esperam a definição do line-up do Tim Festival, que já confirmou, entre outros, a vinda de Yeah Yeah Yeahs e Daft Punk, Bianca Brunow Dalla, 20, de Vitória, Espírito Santo, já reservou hotel para os dias do evento no Rio de Janeiro (26 a 29 de outubro -o Tim Festival também ocorre em São Paulo, nas mesmas datas).
"Vamos eu, meu namorado e minha família inteira para o Tim", revela a moça. O pique para os shows é a sábia influência de seu pai. "Ele fala para não perdemos a oportunidade de ver as bandas de que gostamos ao vivo."
Por essas e outras, Bianca acredita que vale qualquer sacrifício. "A imagem do vocalista dos Strokes acenando para mim no Tim Festival do ano passado vale muito mais do que uma conta no vermelho no próximo mês."


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