São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

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música

Elis Brasil

Lançamentos de CDs e DVDs lembram os 25 anos da morte no auge da maior cantora que o país já teve

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ela é quente, ela é sexy, ela está morta. Na última sexta-feira, fez 25 anos que o Brasil perdeu Elis Regina, por complicações decorrentes da ingestão de drogas e álcool. Mas nem parece. Basta ligar a TV, passar na loja de discos mais próxima, ligar o rádio, entrar na internet: "a mãe da Maria Rita" está em todos os lugares. O Brasil parou de vez no tempo?
Há quem não entenda por que tanto oba-oba em torno de Elis. Como ela consegue agradar a tanta gente diferente, desde a sua mãe, até a sua avó e a Björk? Dizer que ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais e que nossos ídolos ainda são os mesmos não basta.
Uma boa chance para entender por que ela continua sendo a maior cantora brasileira é ouvir/assistir aos lançamentos que andam pipocando por aí. Os mais recentes são uma caixa com três DVDs e as reedições restauradas, remasterizadas etc., com bônus, de "Elis" (1980, seu último disco), e "Falso Brilhante" (1976), registro de show histórico.
Com uma voz potente e elástica, ela ia do agudo ao grave com a mesma intensidade. Não era mera intérprete (revelou diversos compositores, como Milton Nascimento e Ivan Lins): agarrava cada música como se sua vida dependesse dela. O CD de "Falso Brilhante" avisa: "Todas as vozes de Elis foram gravadas numa única tomada (...) A performance é real". Ela é referência ainda não superada na MPB, um mito muitas vezes irritante.
Em vida, irritou ainda muita gente. Brigou com a jovem guarda, reclamou do esquema predador das gravadoras, alfinetou a ditadura na medida do possível. Ela podia. Mas, no começo dos anos 60, a gaúcha era apenas uma cópia de Celly Campello, a vovó do rock BR.
Só em 1965, com os festivais e o programa de TV "O Fino da Bossa", ao lado de Jair Rodrigues, é que Elis mostrou a que veio, em uma rota às vezes errante que passou pelo samba, pelo soul, pela música romântica, latinidades etc. Elis morreu no auge, aos 36. Por isso nunca ficará decadente. Isso te irrita?


ELIS
Box com 3 DVDs

("Na Batucada da Vida", "Doce de Pimenta" e "Falso Brilhante") sem site

ELIS
Álbum de 1980

Ouça: "Se Eu Quiser Falar com Deus"

FALSO BRILHANTE
Show de 1976

Ouça: "Como Nossos Pais"


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