DA REPORTAGEM LOCAL

Se o seu pai recebesse um "spam" com o título "curso de DJ" o que ele faria? a) inscreveria-se; b) clicaria em "excluir"; c) bloquearia o remetente; ou d) encaminharia para você e insistiria que você fizesse o curso.
O pai de Philip Braunstein escolheu a última alternativa. Depois de pedir muito, o filho resolveu seguir o conselho. Resultado: o gaúcho, de 19 anos, três anos depois do curso, é uma das atrações do palco principal do festival Skol Beats, que acontece no dia 24 de abril, em São Paulo.
Mas ele não tocará discos em sua apresentação. Melhor: vai mostrar suas produções próprias do estilo tecno, que descobriu pouco antes de completar 16 anos, quando baixava músicas em MP3 na internet.
"Quando tinha uns 13 anos ainda ouvia muita porcaria de artistas conhecidos como Hanson e Eric Clapton. Sem querer, baixei a música "Flat Beat", do Mr. Oizo, e comecei a me interessar."
Mas Philip não parou na mixagem de músicas. Resolveu dar um passo maior e partiu para a produção, usando computadores e teclados que descolou com seu avô.
"Aprendi fuçando. Meu avô é músico e tem alguns teclados, que eu usava e fui aprendendo. Mas para ele o que eu faço é só ritmo, sem melodia, o que é verdade", conta Philip, que já teve produções circulando por países como Inglaterra, Suécia e até Japão, onde 1.500 cópias de seu vinil "Soul Murder" se esgotaram em 20 dias.
"O disco não serve para ganhar dinheiro, é mais para mostrar o trabalho", explica Philip, que tem em seu harddisk mais de 50 músicas próprias.
"Gosto mesmo de umas dez, mas toco ao vivo umas 25 faixas. Para fazer música tem de ter paciência. Demoro de dez a 15 horas numa produção, depende de como estou. É como achar a mulher perfeita: não dá para procurar, ela tem de vir." (LEANDRO FORTINO)