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"Poder descontrolado ameaça, não protege"
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
"As pessoas que cometem
crimes têm que ser presas, não
mortas. Nós não temos pena de
morte neste país", observa a
antropóloga Alba Zaluar, para
quem o capitão Nascimento
não deve ser considerado herói.
Segundo ela, o filme mostra
um modelo falido de segurança
pública. "Essa não é uma maneira de proteger a sociedade. É
um poder descontrolado, um
uso excessivo da força, que
ameaça a sociedade, não a protege. Mas, no filme, é como se
não houvesse outra saída que
não o policial cometer crimes,
torturar e matar", completa.
Para a educadora Regina de
Assis, presidente da MultiRio
(Empresa Municipal de Multimeios, da Prefeitura do Rio), a
situação de violência extrema
no Brasil ajuda a explicar por
que o capitão Nascimento,
mesmo fazendo uso da tortura,
é visto como herói por muitos
adolescentes. Ela afirma, no
entanto, que as contradições
desse personagem precisam
ser debatidas com os jovens.
"No momento em que vivemos, o capitão Nascimento é
um herói irresistível. É um homem que assume responsabilidades, que cumpre sua missão
mesmo sofrendo e angustiado.
No entanto o fato de ele torturar e matar em nome de seu objetivo precisa ser debatido. Precisamos discutir quais os limites éticos e civilizados para
atingir nossos objetivos."
Em sua avaliação, o personagem de Wagner Moura preenche uma lacuna deixada pela
ausência da figura paterna:
"Nenhum ser humano vive sem
ídolos. Para as crianças, os primeiros ídolos costumam ser o
pai e a mãe, com o pai assumindo uma figura que representa a
ordem e a distinção entre o
bem e o mal. Hoje, no entanto,
vivemos uma crise de ausência
da figura paterna".
(LETICIA DE CASTRO e ANTÔNIO GOIS)
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