São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2004

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MÚSICA

O Folhateen bateu papo com alguns artistas pop ingleses; abaixo, confira as novidades que eles contaram

Comportados e bagunceiros, mas todos descabelados

ERIKA SALLUM
FREE-LANCE PARA O FOLHATEEN

Os rumores vêm de todos os lados. Depois de um ano atribulado, em que os Libertines saborearam um empolgante sucesso de crítica e público mas também amargaram barracos entre os integrantes, a pergunta dos fãs é uma só: afinal, a "banda nova" mais badalada do Reino Unido continuará existindo em 2005? Nas últimas semanas, correu a notícia de que os Libs vão dar um tempo. A razão seria um misterioso problema de saúde de seu líder, Carl Barat. Junte a isso o fato de que a banda passou por 2004 aos trancos e barrancos, após o afastamento do guitarrista e mentor Pete Doherty devido a problemas com drogas, e está explicado por que os fãs andam tão apreensivos...
Mas o Folhateen assegura: os Libertines prometem seguir na ativa por muito tempo. "Não vamos nos separar", diz o baterista Gary Powell, a figura mais simpática do grupo. Durante uma apresentação especial no estúdio da gravadora Trama, em São Paulo, os músicos conversaram conosco.
"Foi um ano duro. Nos divertimos, mas tivemos de ver de perto um amigo se autodestruir. Somos uma banda ainda", afirma Powell. "Como nosso próprio nome diz, somos livres. Fazemos o que temos vontade. E decidimos ir adiante até quando nos der na telha." Logo que o primeiro disco, "Up the Bracket", foi lançado, Doherty tornou-se um viciado em crack e heroína. A ponto de invadir a casa do melhor amigo, Carl, para roubar computador e instrumentos e poder comprar mais droga. Depois de não aparecer em vários shows e armar brigas violentas, acabou expulso. A confusão rendeu letras belíssimas, que podem ser conferidas no segundo álbum, "Libertines", outro grande sucesso.
"O lance é que Pete não foi leal. Não estou falando da relação profissional que tinha com a gente, mas a de amigo. Ele só pensou nele, nas suas vontades e no seu instinto. Porém é um cara sensível e inteligente. Se quiser largar o vício, vai conseguir. Caso contrário, não toca mais conosco."
Lavação de roupa suja à parte, os Libertines continuam fazendo barulho com seu som brit rock meio punk que encanta os fãs e irrita os críticos rabugentos -que adoram classificar o grupo de imitação malfeita do The Clash.
"É engraçado, porque só começaram a falar que a gente parecia o Clash depois que o Mick Jones (ex-Clash) virou nosso produtor", diverte-se o baterista.
Até pelo menos o início do próximo ano, os Libs estarão em recesso. Tudo por causa de um tropeção de Carl. O vocalista caiu e bateu com o rosto numa pia, machucando o olho. Agora terá de fazer uma operação, que o deixará de molho por uns dois meses. Depois, a começa a preparar o terceiro álbum. "Por enquanto, estamos na estrada fazendo shows, sem tempo para compor novas músicas", diz Powell, pouco antes de se juntar aos amigos para curtir a noite paulistana... jogando boliche! "A gente adora boliche, é superdivertido, quer vir conosco?". Mais inglês, impossível.

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