São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2010

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Do tombo ao topo

FILME RESGATA HISTÓRIA DO SKATE NO BRASIL NOS ANOS 80 E 90

Fotos Eduardo Anizelli/Folhapress


IURI DE CASTRO TÔRRES

DE SÃO PAULO

Aos 13 anos, em 1988, Cristiano Matheus pediu um presente incomum para seu pai: queria uma pista de skate.
Atendendo ao desejo do filho, Nelson construiu a Ultra, pista que mudaria a história do skate no Brasil.
O local virou ponto de tombos e manobras que levaram quatro brasileiros ao topo do ranking mundial do esporte.
Essa é uma das histórias do documentário "Vida sobre Rodas", que Daniel Baccaro lança na sexta-feira.
O filme passeia por uma importante época do skate no Brasil, os anos 80 e 90, quando as rodinhas tomaram as ruas das cidades e viraram referência de contracultura, influenciando música, moda e comportamento.
Bob Burnquist, Sandro Dias, Cristiano Matheus e Lincoln Ueda são os protagonistas do longa.
Os skatistas amadores também devem curtir o filme. São 3,8 milhões de praticantes no país, segundo a Confederação Brasileira de Skate. De acordo com a entidade, é o esporte mais praticado no Brasil depois do futebol.
"Eu andei muito de skate com essa galera", diz Baccaro. "E os pais do Lincoln e do Cris tinham um grande acervo de vídeos da época."
Em 2004, começou o processo de catalogação: 150 horas de vídeos e 5.000 fotos.
Sem seguir a ordem cronológica, o filme aposta na fluidez de histórias e no carisma dos entrevistados.
Os melhores relatos são o de Thronn, muito engraçado, e o de Glauco, o terror da pista de São Bernardo.

JÂNIO E COLLOR
Invasores naturais do espaço urbano, os skatistas têm uma relação de amor e ódio com praças, calçadas e corrimãos das cidades: adoram andar por aí, desde que não sejam incomodados.
Em "Vida sobre Rodas", vemos a luta contra o então prefeito de São Paulo Jânio Quadros (1985-1988). O político proibiu a prática do esporte na cidade; a permissão só veio na administração de Luiza Erundina (1989-1992).
Outro político que complicou a vida dos skatistas foi o ex-presidente Fernando Collor (1990-1992). Seu plano de controle da inflação quebrou empresas ligadas ao esporte.
O "plano Collor" também obrigou o pai de Cris a fechar a pista Ultra, para alugar o galpão na avenida Morumbi.
A falta de patrocínios forçou a geração seguinte de skatistas a apelar para a filosofia do "faça você mesmo".
Nessa parte da história entra a turma de Alexandre Vianna, diretor do documentário "Dirty Money", disponível para download gratuito em dirtymoney.com.br.
O "dinheiro sujo" do nome era um grupo de amigos que filmava as próprias manobras e rolês por São Paulo.
"Mais do que contar uma história do skate, queria mostrar que a sua essência é a amizade", diz ele.
"Para mim, andar de skate é uma terapia, esqueço de tudo", diz Matheus Coleto, 16, skatista há três anos.
"É a melhor coisa do mundo", emenda Davi Arato, 17.
Melhor skatista do mundo, Bob Burnquist manda um recado para quem está começando. "O mais importante no skate é: caiu, levanta!"


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