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Do tombo ao topo
FILME RESGATA HISTÓRIA DO SKATE NO BRASIL NOS ANOS 80 E 90
Fotos Eduardo Anizelli/Folhapress
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IURI DE CASTRO TÔRRES
DE SÃO PAULO
Aos 13 anos, em 1988, Cristiano Matheus pediu um presente incomum para seu pai:
queria uma pista de skate.
Atendendo ao desejo do filho, Nelson construiu a Ultra,
pista que mudaria a história
do skate no Brasil.
O local virou ponto de tombos e manobras que levaram
quatro brasileiros ao topo do
ranking mundial do esporte.
Essa é uma das histórias
do documentário "Vida sobre Rodas", que Daniel Baccaro lança na sexta-feira.
O filme passeia por uma
importante época do skate
no Brasil, os anos 80 e 90,
quando as rodinhas tomaram as ruas das cidades e viraram referência de contracultura, influenciando música, moda e comportamento.
Bob Burnquist, Sandro
Dias, Cristiano Matheus e
Lincoln Ueda são os protagonistas do longa.
Os skatistas amadores
também devem curtir o filme.
São 3,8 milhões de praticantes no país, segundo a Confederação Brasileira de Skate.
De acordo com a entidade, é
o esporte mais praticado no
Brasil depois do futebol.
"Eu andei muito de skate
com essa galera", diz Baccaro. "E os pais do Lincoln e do
Cris tinham um grande acervo de vídeos da época."
Em 2004, começou o processo de catalogação: 150 horas de vídeos e 5.000 fotos.
Sem seguir a ordem cronológica, o filme aposta na fluidez de histórias e no carisma
dos entrevistados.
Os melhores relatos são o
de Thronn, muito engraçado,
e o de Glauco, o terror da pista de São Bernardo.
JÂNIO E COLLOR
Invasores naturais do espaço urbano, os skatistas
têm uma relação de amor e
ódio com praças, calçadas e
corrimãos das cidades: adoram andar por aí, desde que
não sejam incomodados.
Em "Vida sobre Rodas",
vemos a luta contra o então
prefeito de São Paulo Jânio
Quadros (1985-1988). O político proibiu a prática do esporte na cidade; a permissão
só veio na administração de
Luiza Erundina (1989-1992).
Outro político que complicou a vida dos skatistas foi o
ex-presidente Fernando Collor (1990-1992). Seu plano de
controle da inflação quebrou
empresas ligadas ao esporte.
O "plano Collor" também
obrigou o pai de Cris a fechar
a pista Ultra, para alugar o
galpão na avenida Morumbi.
A falta de patrocínios forçou a geração seguinte de
skatistas a apelar para a filosofia do "faça você mesmo".
Nessa parte da história entra a turma de Alexandre
Vianna, diretor do documentário "Dirty Money", disponível para download gratuito
em dirtymoney.com.br.
O "dinheiro sujo" do nome
era um grupo de amigos que
filmava as próprias manobras e rolês por São Paulo.
"Mais do que contar uma
história do skate, queria
mostrar que a sua essência é
a amizade", diz ele.
"Para mim, andar de skate
é uma terapia, esqueço de tudo", diz Matheus Coleto, 16,
skatista há três anos.
"É a melhor coisa do mundo", emenda Davi Arato, 17.
Melhor skatista do mundo,
Bob Burnquist manda um recado para quem está começando. "O mais importante
no skate é: caiu, levanta!"
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