SE A TERRA não parou de girar, se um buraco negro não engoliu a Via Láctea, Paul McCartney tocou ontem em São Paulo, e tocará hoje de novo.
Estou de férias na Califórnia, perdi. Mas, antes de zarpar para cá, dei um pulo em Buenos Aires e vi Macca no dia 11 de novembro.
É o seguinte: Paul McCartney, 68, ainda se importa. "He still cares", como diriam na terra dos Beatles.
Ele quer saber se o público aprovou as frases que ele mandou (bem) em espanhol. Ele se importa a ponto de tirar o casaco, ficar só de camisa, rebolar um pouco, zoar com a banda.
Ele percebe que, até mais ou menos a metade da apresentação de quase três horas, a reação da plateia argentina é fria, então chama a responsabilidade para si e passa a incendiar o estádio do River Plate.
E McCartney, é claro, não precisa disso. Tem um repertório tão estupendo, suas músicas (mesmo as menos óbvias) fazem tanto parte da consciência pop coletiva, que bastaria ele subir ao palco, tocar uma canção atrás da outra, e o público já estaria feliz.
Mas ele faz questão de dar o sangue.
Pode ser uma atitude magnânima. Ou pode ser insegurança, a necessidade infinita de recompensa que todo grande artista tem. Não importa.
Ele vai cantar "Here Today", escrita para John Lennon, muito mais densa hoje do que quando a compôs, há 30 anos.
Vai mostrar uma versão destruidora de "Live and Let Die". Vai ter a coragem de apresentar duas canções de seu projeto experimental, Fireman. Vai cantar sozinho "A Day in the Life".
Vai fazer o show para você, só para você.

Assista on-line
"Here Today" na Amoeba Records
Apresentação-surpresa de Macca na megaloja de música. Emocionante: is.gd/hpeuG

Assista on-line
Macca canta "Something"
Até outro dia, eu nunca o tinha visto cantar a canção de George Harrison: is.gd/hpfRB

Delete "Ob-la-di, Ob-la-da" ao vivo
A única música que achei sobrando no show de Macca em Buenos Aires


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