São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2008

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Por que eu não gostei do CD

"Segundo Ato" deve funcionar ao vivo, mas falta impacto sonoro

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se você vai ler este texto, já vou avisando: não gostei do CD do Teatro Mágico. E, antes que você anote meu nome para digitar no Google e lotar meu e-mail/Orkut de reclamações, vou tentar explicar o porquê.
A primeira vez que ouvi falar em Teatro Mágico foi há uns três anos. Um primo, que entrava na casa dos 20 anos, começou a falar animado sobre um grupo "demais", que misturava música, circo, poesia etc. "Tem gente que ficou umas três horas na fila para comprar ingresso para o show", disse ele.
Outra vez que ouvi falar neles, que não fosse na mídia, foi no metrô. Eram duas adolescentes, uma delas bem rebelde. "Cansei de Teatro Mágico. Agora, quero coisas novas", disse.
É mais ou menos esse espírito que me tomou durante a audição de "Segundo Ato". Tentei encontrar os questionamentos políticos anunciados pelo grupo, mas fiquei frustrado. A sensação foi de "mais do mesmo".
Não que o "mesmo", em termos musicais, me agradasse. O que realmente me impressiona e admiro no Teatro é o fato de terem criado uma estrutura própria de divulgação, na base do boca-a-boca. Além disso, o conceito todo é uma ótima jogada artística/mercadológica. Por um único ingresso, você ganha música, teatro, sarau e circo. E, além disso, você é tratado como integrante de uma família legal, e não apenas como um consumidor impessoal.
Ao vivo, o disco deve funcionar novamente. Mas, ouvir apenas as músicas, sem os estímulos visuais e de experiência coletiva, não causa impacto.
As músicas até que tentam. Há a estrutura típica de álbuns conceituais, vinhetas, interlúdios. Lembram desde Cordel do Fogo Encantado e Secos & Molhados a Chico Buarque e Tom Zé -há até um rap. Nas letras o que chama a atenção são os trocadilhos e um discurso político básico, mais para impressionar do que criticar efetivamente alguma estrutura.
Na abertura, "Amadurecência" saúda os ouvintes, como se fosse uma conversa. Lembra "Os Saltimbancos", clássico infantil de Chico Buarque dos anos 70. No geral, é essa a experiência que o Teatro provoca: uma espécie de retorno à infância para jovens prestes a entrar na vida adulta.


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