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cinema
Cine trash
Novo filme do gaúcho Jorge Furtado tem monstrão e bastidores do cinema
DA REPORTAGEM LOCAL
Não se deixe enganar
pelo título da nova
fita do diretor Jorge Furtado ("O Homem Que Copiava" e "Ilha das Flores", entre
outros), em cartaz desde sexta.
Apesar do nome esquisito, "Saneamento Básico, o Filme" é
uma comédia divertida e absurda, com direito até a monstro.
A história se passa no pacato
vilarejo de Linha Cristal, na
serra gaúcha, onde a comunidade reivindica junto à prefeitura a construção de uma fossa.
Para surpresa de Marina
(Fernanda Torres), a representante dos moradores encarregada da negociação, o governo
não dispõe de verba para obra
de saneamento básico.
O único dinheiro disponível é
um repasse do governo federal
que deve ser destinado à produção de um vídeo de ficção.
E então vem a sugestão da secretária da prefeitura: se o grupo fizesse o tal filminho, poderia utilizar uma parte da verba
para a construção da fossa.
É aí que a história começa a
ficar absurda. Afinal de contas,
se pergunta Marina, o que é ficção? Precisa ser científica? Precisa ter monstro?
Depois de várias consultas ao
dicionário, ela e o marido (seu
aliado na empreitada, vivido
por Wagner Moura) chegam à
história, o típico enredo de um
filme trash: o monstro da fossa
ataca a mocinha da cidade e
acaba derrotado pelo herói.
Com muita ironia, Furtado
faz um filme cujo foco é justamente o complexo processo de
se fazer um filme. Do roteiro à
montagem, passando pelos patrocinadores e escolha do elenco, todas as etapas estão lá.
E, nesse caso, o enredo também serve como pano de fundo
para uma alfinetada no bom e
velho jeitinho brasileiro, nos
improvisos de governos, da população e até do próprio cinema.
(LETICIA DE CASTRO)
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